12/08/2009

Interpretations of Monk

Em seu livro Jazz: a history, 2nd edition, New York: Norton, 1993, página 462, Frank Tirro avalia que Thelonious Monk exerce um importante papel sobre o pensamento musical de Anthony Davis: "em complemento à filosofia free jazz da AACM, as influências mais óbvias que podemos detectar em sua música são o método composicional de Monk, as idéias orquestrais e composicionais de Ellington e os trabalhos de Bud Powell e Cecil Taylor". Um dos maiores compositores do jazz contemporâneo, Davis estudou piano clássico desde criança, graduando-se pela renomada Universidade de Yale em 1975, onde atualmente leciona. Davis tem sabido equilibrar adequadamente suas atividades como pianista e compositor. Ainda como estudante, forma um grupo de free jazz, Advent, contando com o trombonista George Lewis entre seus integrantes. Mais tarde, participa da banda New Dalta Ahkri, liderada pelo trompetista Leo Smith e do trio do violinista Leroy Jenkis. Vale notar que Lewis, Smith e Jenkis são todos músicos ligados à AACM e, embora Davis nunca tenha mantido uma conexão formal com a importante associação de Chicago, sua filosofia musical foi extremamente influenciada por ela. Em 1978, Davis trabalha com o flautista James Newton e, três anos mais tarde, forma seu octeto, Episteme, meio pelo qual expõe suas composições e exercita a livre improvisação, sempre monitorada através de instruções e restrições impostas por Davis. Fortemente influenciado pela música asiática e africana, muitas de suas composições têm sido classificadas como música clássica de vanguarda, embora a associação com o jazz seja nítida em diversas passagens. Nesses contexto, vale conferir suas associações como sideman com músicos como Oliver Lake, Anthony Braxton, Barry Altschul e David Murray, entre outros. Em 1984, Davis compõe a ópera X, baseada na vida de Malcolm X, líder negro brutalmente assassinado. Embora o próprio Davis não a classifique como jazz, restam claras as influências do estilo, desde o tailgate trombone de New Orleans, até as sheets of sound de Coltrane, constituindo uma das composições em grande escala mais importantes do acervo jazzístico. Atualmente, Davis continua desenvolvendo sua carreira como compositor, pianista e professor, atuando também ao lado de importantes músicos, como Ray Anderson, Bobby Previte e Mark Helias. Para os amigos fica a faixa Well, You Needn't , retirada do álbum Interpretations of Monk, gravado ao vivo em 1981, na Columbia University e lançado pela DIW Records. Trata-se de um álbum com quatro cd's, cada um deles trazendo as interpretações dos pianistas Muhal Richard Abrams, Barry Harris, Anthony Davis e Mal Waldron sobre temas de Monk. Com eles estão Don Cherry (t), Steve Lacy (ss), Charlie Rouse (ts), Roswell Rudd (tb), Richard Davis (b) e Ben Riley (d). Jazzseen recomenda.

13 comentários:

Salsa disse...

Meu mestre,
Monk é inquestionável. E o solo de Lacy, hein? E Cherry descobrindo onde está - procurando as pedras do caminho para arricar seus pulos? Rouse é uma costela de Monk e resgata a história melódica. É curioso comparar como os músicos se comportam com o tema. Sessão das boas. Valeu o post.

Sergio disse...

Mr. Lester, please, assim q puder dê um pulo, um pulinho um instantinho no bar-sônico.

Érico Cordeiro disse...

Mr. Lestar,
Vigorosa e criativa a versão de Well, You Needn't - é originalíssima e diferente de todas as outras que já ouvi. Valeu a dica.
Abração!

JoFlavio disse...

Mestre JL
Dos discos de Monk, um sempre me chamou mais a atenção. Não só por ele, Monk, mas pelo ótimo baterista Ben Riley - solo em Lulu's Back In Town é antológico -,pelo baixista Butch Warren e pelo personalíssimo sax tenor de Charlie Rouse. E ainda pela qualidade da gravação, sob a produção de Teo Macero."It's Monk Time"(Columbia, 1964) é uma síntese perfeita da obra de Monk.
Abs.

John Lester disse...

Prezados e fiéis amigos, vamos levando essa vidinha mais ou menos, mesmo sem a presença - física - de Monk. O que nos resta é sorver os bons cabernets da California enquanto ouvimos estes quatro cd's na íntegra.

Aos que ficam, boa tarde. Eu preciso bater uma laje ainda hoje, aproveitando a chuva leve.

Grande abraço, JL.

Sergio disse...

Ô, Lester, foi mal. É que hoje foi o dia da sanha de postagens - esses dias tem sido. Mas a que queria q visitasse não eram os estonianos do Raivo Tafenau, mas sim esta:

http://sergiosonico.blogspot.com/2009/08/james-williams-with-ray-brown-and-elvin.html

Essa acima vale uma boa olhada...
Abraços!

John Lester disse...

Ok, vou dar uma conferida amigo.

Grande abraço, JL.

figbatera disse...

Que beleza de faixa; gostei muito!
Abraço, Lester.

figbatera disse...

Ei, Lester, me ensina como fazer pra baixar essas faixas que vc coloca aqui. Tem jeito?

JoFlavio disse...

Great JL

Não gosto de falar que fulana ou fulano são os melhores nisso ou naquilo. Gosto musical varia, e muito. Mas se me colocassem uma faca no pescoço perguntando qual a figura feminina - na minha opinião - mais expressiva da música (boa) brasileira, para não morrer, responderia Joyce, não só pela ótima cantora que é, mas pelo violão de gente grande que toca, muito acima de alguns marmanjos, e pelo nível de suas composições, além de um raro conhecimento musical, do frevo ao jazz. Pois bem. Joyce estará se apresentando aí em Vitória (Spirito Jazz) nos próximos dias 21 e 22.Eu não perderia essa por nada.
Abs.

edú disse...

A melhor produção da sra.Joyce atende pelo nome de srta.Clara Moreno.Tenho dito(rs,rs,rs).

Andre Tandeta disse...

Considero Joyce uma grande artista pelos mesmos motivos citados pelo JoFlavio ai em cima . Concordo em genero ,numero e grau. E o Tutty Moreno é um grande baterista.
Abraço

Paula Nadler disse...

Eu sei porque Mr. Lester não respondeu ao quesito Joyce. Vocês não vão querer saber a opinião dele sobre isso. Basta lembrar que ele só ouve Billie Holiday. Beijo.