08/08/2009

Pode entrar!

Foi o amigo JoFlavio, conspícuo membro do dilucidante blog Charuto Jazz, quem veio com a estória de que Thelonious Monk não sabia tocar piano. São dele as seguintes linhas: “Acompanho a carreira do Monk desde o início da década de 60. Não só como pianista, mas principalmente como compositor. Monk chegou a ser considerado um "pianista menor", talvez pela técnica pobre, que até o impossibilitava de tocar em "up tempo" - se comparado, por exemplo, a um Oscar Peterson, Herbie Hancock, Chick Corea, etc. Era nítido o esforço dele em tocar. Sim, como consolo, foi criativo harmonicamente. O grande legado de Monk está nos temas que compôs, de certo modo revolucionários para a época. Como pianista, em minha opinião, não fez escola.” Ora, ora. Não demorou um minuto, estava desencadeada uma das maiores polêmicas já suscitadas aqui no Jazzseen, alvoroço geral, acusações gratuitas, ataques de hackers, celeuma, cizânia e crise. Convocamos, às pressas, eu e Reinaldo Santos Neves, Reunião Extraordinária do Clube das Terças, onde o sócio André, especialista em Monk, fora convocado a falar. Um silêncio incômodo sentou-se à mesa do Clube, enquanto todos aguardavam aflitos a definitiva sentença. André disse: “A ênfase no bebop é a improvisação, sendo rara a presença marcante de compositores, caso de Thelonious Monk. Suas melodias nada ortodoxas, repletas de progressões complexas de acorde, costumavam intimidar até mesmo os mais ágeis instrumentistas e não resta dúvida de que seu estilo influenciou uma série de pianistas importantes do bebop e do post bop, entre eles Bud Powell, Mal Waldron, Andrew Hill, Dollar Brand, Randy Weston, Herbie Nichols, Cecil Taylor, Misja Mengelberg, Anthony Davis, Karl Berger, Chick Corea, Geri Allen, todos eles réus confessos, no sentido de que, além de reconhecerem a influência de Monk, refletem ou refletiram em alguma fase de suas carreiras nítida inspiração na abordagem pianística monkiana - o iniciante deverá começar suas pesquisas por Mal Waldron. Sem falar de tantos outros músicos que lhe dedicaram tributos entusiasmados (veja lista abaixo) e diversos grupos que nasceram sob a condição primária de lhe revisitar a obra. As composições de Monk apresentam lógica própria, não-aristotélica, elaboradas com grande precisão estrutural e concisão, fato incomum nas demais composições do bebop. Mestre em acentuações inesperadas e desordenadas – veja, por exemplo, Rhythm-n-ing – causava sérias dificuldades a quem pretendesse executar suas obras, mesmo aos mais hábeis virtuoses do piano. Tal característica transparece sobremodo no final das frases, onde quase sempre a nota tocada era absolutamente inesperada pelo ouvinte que, paradoxalmente, ao continuar ouvindo a composição, terminava por suplicar que a frase terminasse com a tal “nota errada” – ouça, por exemplo, Off Minor. E tudo isso partindo de uma melodia singela, um tema simples, muitas vezes construído sobre um acorde do bom e velho blues de doze compassos, mas com um profundo efeito final. E, para quem conhece a trajetória de Monk como pianista, sabe de suas intervenções especulativas. Ele passeou pelo stride de um Fats Waller, pelo trumpet-piano de um Earl Hines, pelo piano soturno e percussivo de um Duke Ellington, pelo comping style de um Count Basie, onde discretos acordes davam suporte ao solista. Ao contrário de Bud Powell, que na evolução do comping style praticamente abandonou a mão esquerda, que na prática apenas acompanhava sua velocíssima mão direita, Monk seguiu um caminho distinto, que poderíamos chamar de “evocativo”, porque os acordes de sua mão esquerda assumiam papel fundamentalmente percussivo e nunca eram longos em permanência: em várias passagens podemos observar que Monk simplesmente parava de tocar, deixando que baixo e bateria acudissem o saxofonista ou o trompetista em seus solos. Tanta originalidade fez com que, antes de ser reconhecido como o improvisador genial que foi, Monk fosse considerado um “pianista menor” e impossível de ser classificado: ele não tocava swing, ele não tocava bebop. Que diabos ele tocava?
Monk, com suas composições “desafinadas”, era capaz de fazer um piano desafinado soar afinado. Cheias de contornos imprevisíveis aos ouvidos da classe média, suas composições apresentam escalas inteiras totalmente incompatíveis umas com as outras, com tonalidades inimigas. Combinadas com um estilo rítmico absolutamente inovador, estas características harmônicas causavam um imenso rebuliço nos ouvidos mais educados. E, por último, mas igualmente genial: a utilização do silêncio em Monk é tão importante quanto a utilização do som. Quando o observamos tocar, temos a clara certeza de que ele nunca sabe qual nota vai tocar. Vacilante, ele parece sofrer terrivelmente, a cada segundo, para se decidir em qual tecla levará seu dedo. E, não raro, quando se decide, bate, bate, bate, como se estivesse batendo em nossa porta. E entra.



1957 – Vários - Round Midnight – Milestone M9144
1958 - Steve Lacy – Reflections: Steve Lacy plays Thelonious Monk – New Jazz OJCCD-063-2
1960 - John Lewis Presents Jazz Abstractions – Atlantic 1365
1961 - Bud Powell - A Portrait of Thelonious - Columbia CK 65187
1961 – Johnny Griffin - Lookin' at Monk - Jazzland JLP 939S
1963 - Bill Evans: Conversations with Myself - Verve 521-409-2
1963 - Steve Lacy - School Days - Emanem 3316
1967 - Enrique Villegas Trio - Tributo a Monk - Trova TL12
1969 - Steve Lacy plays Monk - Affinity AFF 43
1978 - Heiner Stadler - A Tribute to Monk and Bird - Tomato TOM-2-9002
1981 - Chick Corea - Trio Music - ECM-2-1232
1981 - Interpretations of Monk - Volume 1 – KOCH Jazz - KOC CD-7838 - Disc 1 - Muhal Richard Abrams set - Disc 2 - Barry Harris set.
1981 - Interpretations of Monk - Volume 2 – KOCH Jazz - KOC CD-7839 - Disc 1 - Anthony Davis set - Disc 2 - Mal Waldron set.
1981 - Bennie Wallace Plays Monk - Enja ENJ-30912
1982 - Milt Jackson - Memories of Thelonious Sphere Monk - Pablo OJCCD 851-2
1982 - Sphere - Four in One - Elektra Musician 7599-60166-1 – Excelente tributo, gravado no dia em que Monk morreu, 17 de fevereiro de 1982
1982 – Tommy Flanagan - Thelonica - Enja CD 4052-14
1984 - Kronos Quartet - Monk Suite: Kronos Quartet plays music of Thelonious Monk - Landmark CD LLP-1505
1984 – Vários - That's The Way I Feel Now: A Tribute to Thelonious Monk - A & M SP-6600
1985 - Steve Lacy - Only Monk - Soul Note SN 1160
1986 - Woody Shaw - Bemsha Swing - Blue Note 7243-8-29029-2-8
1987 - Anthony Braxton - Six Monk's Compositions - Black Saint 120 116-2
1987 - Walter Davis, Jr. - In Walked Thelonious - Jazz Heritage MHS 512631H
1988 - Carmen McRae - Carmen sings Monk – RCA Novus - 3086-2
1988 - Charlie Rouse - Epistrophy - 32 Jazz CD-32029
1988 - Stan Tracey Quartet - Tribute to Duke, Monk, and Bird - Emanem 3604
1989 - Randy Weston - Portraits of Thelonious Monk - Verve 841313-2
1989 - Steve Lacy - More Monk - Soul Note 121210
1990 - Marcus Roberts - Alone with Three Giants - BMG 3109-4-N
1990 – Mel Martin - Bebop & Beyond plays Thelonious Monk - Blue Moon CD R2 79154
1990 - Tete Montoliu - The Music I Like to Play Vol. 3 - Let's Call This - Soul Note 121230
1992 - Steve Lacy - We See - Hat Art CD 6127
1992 - Steve Lacy and Mal Waldron - I Remember Thelonious - Nel Jazz NLJ0959-2
1993 - Riverside Reunion Band - Mostly Monk - Milestone MCD-9216-2
1994 - Sonny Fortune - Four in One – Blue Note CDP 7243-8-28243-2-9
1994 - Steve Duke - Monk by 2 - Columbia CK 66975
1994 - Wynton Marsalis - Standard Time Vol.4: Marsalis Plays Monk - Columbia CK67503
1995 - Knut Kristiansen - Monk Moods - ODIN NJ 4051-2
1996 – Danilo Perez - Panamonk - Impulse CD IMPD-190
1996 – Vários - Round Midnight: Hommage à Thelonious Monk - Columbia COL 481331
1997 - Esbjörn Svensson Trio - EST Plays Monk - ACT 9010-2
1997 - The Bill Holman Band - Brilliant Corners: The Music of Thelonious Monk - JVC Classics CD 2066
1997 - Jessica Williams - In The Key Of Monk - Jazz Focus CD JFCD029
1997 - Fred Hersch plays Thelonious Monk - Nonesuch CD 79456-2
1997 - Miya Masaoka - Monk's Japanese Folk Song - Dizim Records 4104
1997 - Steve Slagle Plays Monk - Steeplechase SCCD 31446
1997 - T.S.Monk - Monk on Monk - N2KE-10017
1997 – Vários - It's Monk's Tune - Jazzfest 3-2203-2
1997 - Vários - For the Love of Monk - 32JAZZ 32008
1998 - Mike Melillo Trio – Bopcentric - Red Records RR123279
1998 - Andy Summers - Green Chimneys - RCA Victor-63472
1999 - The Dave Liebman Trio - Monks Mood - Double Time Records 154
1999 - Per Henrik Wallin Trio - 9.9.99 - Stunt Records STUCD 00202
1999 - Larry Coryell - Monk, Trane, Miles & Me - High Note HCD 7028
1999 – Vários - Blue Monk: Blue Note plays Monk's Music - Blue Note 8-35471-2
2000 - Vários - For Monk: a tribute to the music of Thelonious Monk - BMG D116733
2003 - Jessica Williams - More For Monk - Red & Blue
2004 - Thelonious Moog - Yes We Didn't - GrownUp Records 62988
2004 - Alexander von Schlippenbach - Light Blue: Schlippenbach plays Monk - Enja CD 9104-2



Para os amigos fica a faixa Bemsha Swing, sob a responsabilidade do guitarrista René Mailhes. O álbum é Gitrane, lançado em 1998 pelo selo Iris. Com ele, Abdel Knader (g, primeiro solo na faixa), Patrice Galas (p), Dominique Lemierle (b), Philippe Combelle (d) e Idrissa Diop (perc) .

18 comentários:

Andre Tandeta disse...

Mr Lester,
o Jazzseen é realmente um blog interessantissimo.
Reli os comentarios do post sobre Monk ,abaixo.Eu mesmo declarei que "Monk não fez escola nem como pianista nem como compositor" e reconheço que estava incorrendo em serio erro em metade da afirmação. Não tenho nenhum problema em mudar minha opinião. Ele influenciou ,e muito, uma grande quantidade de pianistas em todo o mundo.
A mim parece que como pianista Monk exerceu uma maior influencia sobre musicos da geração que surgiu nos anos 60, como Chick Corea e Herbie Hancock ,por exemplo. Mas não quero com isso excluir nenhum outro pianista ,é que no caso desses dois bastou eu dar uma conferida em discos de ambos para exclamar comigo mesmo que "meus ouvidos não me enganam",frase sempre repetida pelo saudoso Marcio Montarroyos. E de fato esta la pra quem quiser,e conseguir, ouvir a forte influencia de Monk sobre os dois grandes pianistas, ambos surgidos na decada de 60.
Em relação a genial obra de Monk como compositor eu continuo com a mesma opinião: não fez escola. Como tambem não fizeram escola como compositores Horace Silver e Wayne Shorter,por exemplo,dois dos grandes compositores do jazz. Mas eu escrevi que, como compositor, apesar de não ter seguidores "Monk tem interpretes".E aqui nesse post o Sr. me da total razão ao listar varios deles ,mas não todos ,pois a lista seria interminavel. Vejo com alegria que o Sr. colocou na lista o excepcional CD de Fred Hersh dedicado a composições de Monk,pra mim um dos mais notaveis nessa tarefa a qual tantos se entregaram com resultados variados. Monk com arranjos para big band eu particularmente não gosto. Suas composições ja tem um arranjo em si mesmas ,tão brilhantes, completas e acabadas que são que numa interpretação para big band suas ideias originais,em geral, se perdem. Como sugestão para figurar nessa lista o disco "Rumba Para Monk" do trompetista e congueiro(isso mesmo, e ele arrasa nos dois)Jerry Gonzales. Surpreendente e criativa interpretação de algumas composições de Monk em clima de latin jazz. Deu muito certo.
Abraço

JoFlavio disse...

Caro JL.
Brilhante post, sem dúvida. Mas você se esqueceu que até mesmo Parker e Dizzy chegaram a considerá-lo um pianista inferior, quando ele surgiu na década de 40. E era realmente muito fraco tecnicamente. Mas eu destaquei que Monk, como consolo, tinha uma concepção harmônica própria e revolucionária, assim como os seus temas, intrincados mas saborosos para se improvisar. Foi o seu maior legado, o compositor. Qualquer embate com Bud Powell é até covardia. Esse sim deixou uma tremenda escola. Ou não?

PS. Toda polêmica é esclarecedora.
Grande abraço .

Salsa disse...

As composições de Monk são personalíssimas. Tentar segui-las como modelos é um desfio e tanto. Facilmente pode-se cair em mero pastiche. Também não curto versões com orquestras.
Excelente post, mr Lester. Esclarecedor como poucos.

Vagner Pitta disse...

Essa foi "A Resenha", colega Lester!

O incrível é que podemos ouvir e ler "trocentas" resenhas e músicas de Monk, mas parece que ele sempre nos será incompreensível. Ou seja, parece que sempre sentiremos a necessidade de compreendê-lo cada vez mais. Parece que nenhuma explicação, por mais perfeita e esclarecedora que seja, é ou será capaz de nos sanar todas as dúvidas sobre Monk e nos pôr à par de todos os elementos que compõe a sua música, a sua gênese artística.

No entanto, como eu mesmo disse no começo, essa sua explanação é uma das melhores que já lí.

Quarta feira, de noite, escrevi uma resenha sobre Herbie Nichols, na qual digo o quanto ele foi tão singular quanto o seu amigo Monk, que era apaixonado pelo estilo de Mary Lou Williams (e talvez, quem sabe, também fora apaixonado pela morena rs). Eles - Mary Lou, Monk e Nichols - não só eram amigos como trocavam "figurinhas" entre si.

Quanto à criar "Escola", na minha opinião Monk criou a sua justamente através da sua singularidade ao piano. Como compositor, porém, pouquíssimos soberam ser tão peculiares: e talvez os mais peculiares em questão de composição sejam mesmo Herbie Nichols, Andrew Hill e, num primeiro momento, Wayne Shorter que não é, necessariamente, influenciado por Monk, mas tbm tem um estilo singular à beça! Então eu não diria que Monk criou uma "Escola de Composição", haja vista os poucos compositores que souberam assimilar as idéias monkianas em suas próprias criações, sem cair no estigma de ser mais uma cópia ou um pastiche, como bem salientou Salsa.

Sobre a peculiaridade improvisativa ao piano, eu não acho que Monk seja o MAIS singular...pelo menos não tanto quanto ele o é em questão do tratamento harmônico que ele dava às suas composições. Nesse quesito Monk divide o pódio de pianistas singulares com Lennie Tristano, Herbie Nichols, Cecil Taylor (antes dele se descambar pra pura abstração), Paul Bley, Sun Ra, Andrew Hill e, atualmente, Jason Moran (influenciado por Hill) e Vijay Iyer. Esses pra mim foram e são os mais "estranhos" de todos...

Andrew Hill mesmo soa extremamente diferente!

Abraços! Um bom final de semana!

John Lester disse...

Prezados amigos, continuo achando Monk um gênio em dois aspectos: 1) como compositor, estabelecendo paradigma único, inalienável, personalíssimo e inimitável e 2) como pianista, capaz de brincar conosco, pobres mortais, que olhamos seu modo de tocar como vacilante, indeciso e tecnicamente imperfeito - ledo engano.

Se você tentar enviar um foguete a Marte com a física de Newton, ele se dissolve em chamas na atmosfera. Precisamos da física de Einstein para efetuarmos os cálculos adequados a velocidades e distâncias dessa magnitude.

Avaliar Monk pela quantidade de rocamboles sonoros produzidos por segundo, tendo Art Tatum ou Bud Powell como parâmetros, é como tentar ir à Lua a pé.

Monk, assim como a geometria não-euclideana, mostrou que nem sempre a melhor distância entre dois pontos é a linha reta.

Grande abraço a todos, em especial a Mestre Pitta, cada dia mais bem informado.

JL.

Érico Cordeiro disse...

Abro a caixa de comentários do jazzseen e me deparo com uma constelação: Mr. Lester, JoFlávio, Salsa, Pitta e Salsa.
Ousarei fazer uma abordagem um pouco diferente - a visão de um leigo, cujo conhecimento de teoria musical é nenhum (dir-se-ia por aqui: "pequeno saliente, e ainda tem a cara dura de escrever sobre jazz!!!!").
Monk não escrevia as suas composições com o cérebro, como pode parecer à primeira vista. E nem acariciava as teclas do piano após a elaboração de centenas de cálculos matemáticos, como querem fazer crer os nossos incrédulos ouvidos.
Ele compunha e tocava com a alma - aquela força motriz que impulsiona o gênio humano e que explica a presença entre nós de um Shakespeare ou um Mozart.
A alma - e não o cérebro - é a chave para entender-se Monk. E não há aqui a pretensão de fazer sentimentalismo barato, apenas de lembrar aos caríssimos companheiros de jornada que há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia.
Para quem quiser discordar ou achar que o sobrenatural não tem espaço no jazz, peço que antes de postar a réplica ouça Ruby My Dear.
Um abraço a todos!

Salsa disse...

Lembro-me de uma passagem do filme Straight, no chaser, em que Monk esbraveja com o cara da mesa de som do estúdio por não ter gravado. O cara achou que ele estava ensaiando - Monk replicou: "estou sempre ensaiando".
Isso retrata bem o espírito criador do nosso maluco pianista.

Vagner Pitta disse...

...mestre não, Lester! Constante aprendiz!

O blog do Sr Érico também já me é um constante reduto de boas buscas e pesquisas!

Abraços a todos!

John Lester disse...

Mestre Érico, vetusto comandante do blog Jazz+Bossa, introduz lentamente, e com a malícia de quem sobrevive à seca, conceito plenamente arraigado na filosofia de Hume. Segundo ele, o filósofo, é falacioso contrapor paixão e razão. Não tratemos, aqui e agora, dos aspectos matemáticos da questão. Lembremos apenas que Hume, em sua brandura cerebral, alertava que a razão é incapaz de controlar a razão: lembrou, também, que a paixão é, sim, a força motriz da vontade.

Talvez não seja aqui o local, nem o momento, para tais reflexxões, afinal, um bog é um blog. Mas vale considerar a afirmação de Hume: a razão é, e só deveria ser, escrava da paixão. E não pode pretender desempenhar outro ofício senão servi-la e obedecê-la.

Creio que Monk, acima de toda e qualquer especulação musical, expôs nossa eterna dúvida: como a razão pode ou deve aceitar suas limitações face à paixão?

Obrigado Érico.

JL.

pituco disse...

signori,lester,
com músicos brasucas não é diferente...

o joão donato, por exemplo, é um dos que se inclui no tema em discussão(compositor versus instrumentista)...teve até sabatina e troca-farpas entre profissionais graúdos da área...e chegou-se à conclusão nenhuma...rs

mr.monk tocando, é muito 'personal' e é o que define sua (a dele) música e caracteriza sua sonoridade...não sei se se é preciso criar a dita 'escola' pra que se classifique como estilo?

é isso aí,
amplexossonoros desse lado do pacífico

Andre Tandeta disse...

Mr. Lester,
os comentarios são todos muito bacanas e esclarecedores mas o que realmente importa é ....escutar Monk.
Quanto a escolas de composição no jazz penso que nenhum dos grandes compositores criou escola. Na minha opinião eles são: Monk,Horace Silver,Benny Golson, Wayne Shorter e Andrew Hill.Por serem grandes é que são inimitaveis.

Andre Tandeta disse...

Faltou deixar um abraço aos amigos e parabens a Mr. Lester pelo magnifico texto.

pituco disse...

signores,
li comentários na postagem anterior, sobre o concerto de marcos resende e paulinho do trompete em vitório(es)

lá em meu blog(rádioriàtoa), no podcast, inclui dois temas do álbum 'tema feliz'(homenagem a durval ferreira)...vale conferir e comprar o cd também...por fontes fidedignas tô sabendo que o paulinho é recèm casado e tá aí na batalha...rs

é isso aí,
abraçsons

JoFlavio disse...

Caro JL
Acabei de falar com o Marcos (Resende). Os shows foram adiados. Alguns patrocinadores entraram na jogada, alterando a programação, que agora prevê um show de piano solo no Teatro Carlos Gomes e, depois, duas apresentações do grupo no Spirito Jazz. Quem organiza tudo, não conheço, chama-se Mauricio Prates, pelo que sei grande amigo do Marcos. Em breve volto para oficializar as datas. Abraços. JoFlavio.

John Lester disse...

Ok, JoFlavio. O Jazzseen aguarda definições para iniciar a divulgação.

Grande abraço, JL.

bia disse...

delicia...

APÓSTOLO disse...

Desde já prezado John Lester:

Magnífico texto e excelente obervação sobre o "pianismo" de T.S.Monk: ledo engano de quem não o entende "ensaiando/tocando".
Há que ouvir cada frase para entender que Monk toca muito, muito bem ! ! !

John Lester disse...

É verdade seu Apóstolo. Obrigado pela visita e parabéns pelo incansável trabalho junto ao Charuto Jazz (veja link no canto direito da página).

Grande abraço, JL.