15/11/2009

The Mastersounds

Quando em jazz você fala em quarteto com vibrafone, todos pensam imediatamente no Modern Jazz Quartet, a invenção que John Lewis transformou no mais famoso quarteto do jazz. Mas, como ensinava Vovô Acácio em suas lectures de Ciências Inexatas em Harvard, nem tudo aquilo que mexe é Biologia, nem tudo aquilo que fede é Química, nem tudo aquilo que não funciona é Física e nem tudo aquilo que ninguém entende é Matemática. E nem todo quarteto com vibrafone é MJQ. O Mastersounds foi criado em 1957, na California, por dois dos irmãos Montgomery: Buddy (responsável pelo chatíssimo vibrafone) e Monk (responsável pelo contrabaixo, infelizmente elétrico). A outra metade do quarteto era composta pelo pianista Richie Crabtree e pelo baterista Benny Barth. Embora a inspiração arquitetônica tenha sido o MJQ, o Mastersounds trabalhou musicalmente numa linha iniciada por André Previn e Shelly Manne, cujo modelo consistia na interpretação de clássicos do teatro musicado, com algum tempero de Bebop, mas sem guardar qualquer semelhança com o estilo agressivo e visceral de um Charlie Parker ou de um Dizzy Gillespie. Além disso, o piano franco de Crabtree não encerra qualquer congruência com o piano third stream de Lewis e o conjunto, como um todo, apresenta uma sonoridade muito menos elaborada que a do MJQ. Seu melhor álbum, Kismet, seria gravado em 1958, quando conta com a presença do irmão mais famoso, Wes Montgomery. Em 1960, o Mastersounds encerra suas apresentações em público, embora continuasse a gravar em estúdio até 1961 e a acompanhar Wes em algumas ocasiões. Em 1965, o grupo realiza um breve e derradeiro retorno. Para os amigos, a faixa Dexter's Deck , retirada do primeiro álbum gravado pelo combo, em 1957, e re-lançado pela Fresh Sound em 2008. Pedro Nunes, relançado tem hifen? E hifen, tem acento? Para onde esse mundo vai?

11 comentários:

APÓSTOLO disse...

Prezado JOHN LESTER:

A família dos MONTGOMERY sempre nos reservou boas surpresas e muitas certezas.
Muito bom você nos fazer ouvir e relembrar essa "crew".
Quanto às 03 últimas perguntas (1) não, (2) não e (3) ninguém sabe.
Abraços !

Érico Cordeiro disse...

Mr. Lester, como sempre, acertando a mão (mas não deixa de implicar com o pobre do vibrafone).
E tenho uma postagem prontinha sobre o disco Groove Yard, dos Montgomery Brothers, uma espécie de reedição do Mastersounds.
Abração (e o sonzinho é bacanudo).

John Lester disse...

Prezados amigos, há uma execrável e preconceituosa piada que diz: homem faz engenharia, gay faz decoração e, os outros, fazem arquitetura. Creio que o vibrafonista é uma espécie de 'arquiteto', algo entre o baterista e o pianista.

O Jazzseen abomina piadas deste tipo e, desde já, registra seu repúdio ao preconceito, aos vibrafonistas e aos arquitetos.

Grande abraço e, Apóstolo, obrigado pelo apoio ortográfico.

JL

LeoPontes disse...

Mestre Lester. O que tens contra contrabaixos elétricos ? Hoje em dia tudo se amplifica e se comprime. Imagine se há alguma diferença escutar um Paulo Russo amplificado ou não. Nenhuma. O que importa mesmo são as qualidades dos equipamentos, incluido aí o humano.

Grande abraço
Leo

John Lester disse...

Prezado Mr. Pontes, há grande probabilidade de que o problema seja meu ouvido ou minha teimosia saudosista: não há som como o de um lp, nem como o de um contrabaixo acústico.

Estes artefatos elétricos são como um frango assado sem aquela casquinha que definha as artérias.

Mas a democracia vem aí, com tudo, sobre nós: no Japão, terra que adotou nosso amigo Pituco, já estão disponíveis mulheres elétricas, daquelas que podem ser ligadas na tomada da cozinha. Mas sempre haverá aqueles sentimentalóides que vão preferir as mulheres acústicas...

Como dizia vovô Acácio: madeira é madeira, compensado é compensado e azulejo é azulejo.

Grande abraço, JL

APÓSTOLO disse...

Prezado LEO PONTES:

Repetindo o saudoso OSCAR PETERSON em entrevista para Len Lyons ("The Great Jazz Pianists", Da Capo Press, 1983, páginas 130/143),de que adianta estudar anos a fio e seguir praticando diariamente até adquirir um "som próprio", uma personalidade sonora, para depois soar igual a todos em artefatos eletrônicos ? ? ?
Nada contra os "eletrificados", mas nada substitui o "acústico", o som e a personalidade musical identificável de cada músico.
Nada de preconceitos, apenas identidade.
E por falar nisso, você tem ouvido o grande PAULO RUSSO no acústico ? ? ? É pleno prazer musical !

Salsa disse...

Acústico, sem dúvida. O elétrico faz parte daquela estória: "não tem tu, vai tu mesmo"

pituco disse...

resuteru san,
(como os japas pronunciariam teu nome,mr.lester)...

nessa favela high-tech,o chic é ter amplificadores à válvula, vinis originais (há várias lojas aqui no bairro) e até mesmo um telefone de disco (como era o meu até há alguns anos atrás...rs)...apesar de agradecer todas as facilidades da vida moderna (não suportaria 60 dias num navio pra visitar o brasil...rs).

a defesa do instrumento acústico é óptica de músico e puristas...eu também assino esse manifesto...e vou mais longe ainda...protesto contra a ditadura da microfonação e mixagem (que por muitas vezes estragam uma performance bem como impôem uma maneira única de se assimilar o som)...com instrumentos acústicos e sem microfonação, cada ouvinte faz a mixagem que melhor lhe convier...é isso aí.

não conhecia o masttersounds...obrigadão pela dica.

abraçsons sonoros

figbatera disse...

Eu gosto muito do som do vibrafone!

ps.:Lester, agora estou lendo com facilidade. Obrigado!

edú disse...

Cada um na sua seara ou tomada.Se vc ouvir o Steve Swallow tocando ao vivo é impossivel não ficar bestificado com a sonoridade que ele extrai do seu contrabaixo plugado.Peterson, todavia, foi o pianista que de maneira mais hábil "pilotou" o piano elétrico.Pela simples razão que ao dedilhá-lo percebeu as limitações técnicas e de timbres que esse intrumento - modismo do final do anos sessenta e setenta - apresentava.

John Lester disse...

Prezados amigos, o Jazzseen, inspirado nas informações valvulares de Mestre Pituco, lança a campanha Viva o Apagão!

Será nossa bandeira em 2010, ano em que John Lester encerrará suas férias prolongadas e retornará ao jazz.

Grande abraço, JL.