12/02/2010

Jazz Movies - Parte 2

Dando continuidade a nossos breves comentários sobre jazz movies (leia aqui a resenha Jazz Movies Parte 1), voltamos a conversar sobre os dvd’s que apresentam shows, documentários ou especiais para a TV. Conforme já havia sido dito, mais adiante traçaremos o roteiro básico sobre os filmes propriamente ditos, daquele tipo que passa no cinema e assistimos comendo pipoca. Vamos a eles: 021) Charles Mingus Sextet – 1993 – Shanachie – Gravado em 1964, na Noruega, durante sua turnê pela Europa. Com Mingus estão Eric Dolphy (f, bcl, as), Clifford Jordan (ts), Johnny Coles (t), Jaki Byard (p) e, é claro, Dannie Richmond (d). Destaque para as versões de So Long Eric e Orange Was the Color of Her Dress, then Blue Silk, com esse que foi certamente um dos melhores sextetos de Mingus. 022) Chris Barber: Music from the Land of Dreams Concert – 1986 – Storyville – O trombonista inglês Chris Barber mantém desde 1954 uma das melhores bandas de jazz tradicional daquele país, com o auxílio importante do trompetista Pat Halcox, presente desde a fundação do grupo. Nesses quinze números, gravados num concerto realizado em Stockholm, em 1986, Barber demonstra toda sua competência na execução do dixieland e do blues. Destaque para as faixas Do What Ory Says, Precious Lord Take My Hand e Buddy Bolden’s Blues. 023) Clark Terry: Live in Concert – 2001 – Eagle Entertainment – Produzido para a série BET on Jazz, este concerto do grande flugelhornista foi gravado no Santa Lucia Jazz Festival, em excelente quinteto: Donald Harrison (as), Anthony Wonsey (p), Curtis Lundy (b) e Victor Lewis (d). Destaque para as faixas All Blues e Take the A Train. Como bônus, uma entrevista de onze minutos com o mestre. 024) Count Basie: Swingin’ the Blues – 1992 – BMG Video – Não seria exagero considerar que este é o melhor documentário já realizado sobre a carreira de Count Basie, ainda mais quando consideramos os depoimentos de veteranos como Harry ‘Sweets’ Edison, Al Grey, Illinois Jacquet, Buddt Tate, Jay McShann, entre outros. Embora não seja usual em documentários, há performances praticamente integrais, como Take Me Back Baby e Airmail Special.
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025) Count Basie: Whirly-Bird – 1993 – Vintage Jazz Classics – Embora na década de 1960 Basie tenha gravado pouco jazz, dedicando-se mais a acompanhar vocalistas famosos, este concerto gravado em 1965 para a televisão inglesa demonstra que o mestre do swing não perdeu o rebolado. Contando com excelentes músicos, entre eles Eddie ‘Lockjaw’ Davis, Marshall Royal e Al Grey, Basie apresenta jazz da melhor qualidade em faixas como All of Me, Jumpin’ at the Woodside, The Midnight Sun Never Sets e Whirly-Bird. 026) Creative Music Studio: Woodstock Jazz Festival – 2001 – Pioneer Artists – Em 1981 foi realizado um festival para comemorar os dez anos do Creative Music Studio, criado em Woodstock pelo vibrafonista Karl Berger. Entre os excelentes músicos convidados, podemos destacar as presenças de Dewey Redman, Julius Hemphill, Baikida Carroll, Pat Metheny, Dave Holland. É aqui também que ocorre um raro encontro de Chick Corea com Anthony Braxton e Lee Konitz. 027) Dave Brubeck: Rediscovering Dave Brubeck – 2001 – Image Entertainment – Documentário muito bem realizado por Hedrik Smith durante a turnê comemorativa do 80º aniversário do pianista. Embora não apresente na íntegra nenhum dos números executados pelo quarteto, o documentário vale pelos depoimentos de Brubeck e pelas memórias de amigos e parentes, como as de Joe Morello, Ira Gliter e dos filhos Darius, Matthew, Chris e Dan. 028) David, Moffett & Ornette – The Ornette Coleman Trio 1966 – 1988 – Rhapsody Films – Documentário bastante interessante, embora curto (26 minutos). Trata-se da gravação improvisada da trilha sonora do filme Who’s Crazy?, realizada em Paris. Do trio participam o contrabaixista David Izenzon e o baterista Charles Moffett, enquanto Ornette reveza-se no sax alto, trompete e violino. Além da música, há breves comentários dos músicos sobre suas vidas e carreiras. Na segunda parte do DVD temos o curta Sound?? de 1967, com a participação de Roland Kirk e, vejam só, John Cage. Não chegam a tocar juntos, mas aparecem no mesmo filme em virtude de suas afinidades musicais, segundo o produtor Dick Fontaine. 029) Diana Krall: Live in Paris – 2002 – Eagle Vision – Na época em que gravou este concerto, Diana era a cantora mais famosa do jazz. E, embora não seja uma genial instrumentista, seu desempenho ao piano é bastante convincente, sobretudo quando acompanhado do fabuloso guitarrista Anthony Wilson. Em alguns números Diana conta com a presença do percursionista Paulinho Da Costa, que não chega a comprometer. Em outros números, comparecem a Orchestre Symphonique European e a Paris Jazz Band, dirigidas respectivamente por Alan Broadbent e Claus Ogerman. 030) Duke Ellington 1929-1943 – 1991 – Storyville – Reunião de quatro curtas e duas aparições da orquestra de Duke em filmes de Hollywood. Sua primeira aparição em filmes, Black and Tan, de 1929, está aqui. Os outros são Check and Double Check, de 1930, Symphony in Black, de 1935, Paramount Pictorial Magazine N. 889, de 1937, The Hit Parade of 1937 e Duke Ellington and His Orchestra, de 1947. Entre os músicos, vale destacar as presenças de Arthur Whetsol, Freddie Jenkins, Cootie Williams, Ray Nance, Taft Jordan, Tricky Sam Nanton, Juan Tizol, Barney Bigard, Johnny Hodges, Ben Webster, Harry Carney, Fred Guy, Wellman Braud e Sonny Greer.
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031) Duke Ellington: Copenhagen ’65 Parts 1 & 2 – 2004 – Eagle Entertainment – Especial gravado em 31 de janeiro de 1965 para a TV dinamarquesa, antes de sua apresentação no Falkoner Center. Ellington conta com a presença de Cootie Williams, Ray Nance, Cat Anderson, Herbie Jones, Mercer Ellington, Lawrence Brown, Buster Cooper, Chuck Connors, Johnny Hodges, Russell Procope, Jimmy Hamilton, Paul Gonsalves (que dorme em algumas passagens), Harry Carney, John Lamb, Sam Woodyard, Ellington e Billy Strayhorn, em uma de suas raras aparições em vídeo. Além dos clássicos, vale destacar as interpretações de Afro Bossa, Ad Libo on Nippon, Blow by Blow e Black, Brown and Beige. 032) The Duke Ellington Octet & The Intimate Duke Ellington – 2003 – Image Entertainment – Mais duas produções para a TV dinamarquesa, ambas gravadas em 23 de janeiro de 1967. Do octeto participam Cat Anderson com seus espantosos agudos, Lawrence Brown, Johnny Hodges, Paul Gonsalves, Harry Carney com sua impressionante respiração circular, John Lamb e Rufus Jones. No segundo filme, podemos ouvir o Ellington pianista, com números solo, em duo e trio. 033) Dynasty: The Jackie McLean Quintet - 1989 - Triloka - Memorável sessão gravada ao vivo e lançada em CD, apresentando excelente desempenho desse vigoroso mestre do sax alto. Com Jackie estão seu filho Rene (f, ts), Hotep Idris Galeta (p), Nat Reeves (b) e Carl Allen (d). 034) Eastwood After Hours - 2001 - Warner Home Entertainment - Tributo ao ator e diretor Clint Eastwood, amante confesso do jazz. Gravado ao vivo no Carnegie Hall em 17 de outubro de 1996, sob a direção de Jon Faddis, a exclente banda conta com a presença de músicos consagrados, entre eles Roy Hargrove, Charles McPherson, Flip Phillips, James Carter e Joshua Redman. No repertório, clássicos do swing e do bebop, muitos deles utilizados em filmes de Clint, como Misty, Satin Doll, Take Five, 'Round Midnight e Cherokee. Não bastasse sua competência como ator e diretor, Clint ainda atua ao piano em dois temas, Parker's Mood e CE Blues. 035) Eddie Jefferson: Live from the Jazz Showcase - 1990 - Rhapsody - Em 7 de maio de 1979, dois dias antes de ser morto a tiros, Jefferson preservou em filme boa quantidade de temas que lhe trouxeram a fama. Considerado o fundador do vocalise no jazz, Jefferson não possuía grande voz, o que não o impediu de tornar-se um dos mais importantes cantores do jazz. Entre os músicos que o acompanharam no Jazz Showcase de Chicago vale destacar a presença do saxofonista Richie Cole. 036) Eddie ‘Lockjaw’ Davis, Volume One – 1991 – Storyville – Apresentação do grande saxofonista no Jazzhus Stuketter, Copenhagen, em 1985, dois anos antes de sua morte. Acompanhado por Niels Jorgen Steen, Jesper Lundgaard e Ed Thigpen, Davis demonstra porque é considerado um dos maiores tenoristas do hard bop. O Volume Two é igualmente recomendado. 037) Ella Fitzgerald: Something to Live For – 2000 – Winstar Home Entertainment – Documentário sobre a vida daquela que é considerada a First Lady of American Song. Embora não haja nenhum número interpretado na íntegra, há excelentes trechos musicais que contam a brilhante trajetória de Ella ao longo de sua adorável carreira, entre eles, vale destacar os com Teddy Wilson, Nat King Cole, Duke Ellington, Bing Crosby, Joe Pass e Count Basie. O documentário apresenta ainda uma entrevista concedida por Ella a André Previn, além de depoimentos de amigos como Lou Levy, Oscar Peterson, Tommy Flanagan e Harry ‘Sweets’ Edison.
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038) Erroll Garner: In Performance – 2002 – Kultur Films – Reunião de dois episódios da série inglesa Jazz 625, produzida para a TV. Acompanhado do contrabaixista Eddie Calhoun e pelo baterista Kelly Martin, Erroll mostra através de uma série de standards, entre eles Misty, porque é considerado um dos mais significativos pianistas do jazz. De quebra, uma boa coleção de fotos do artista. 039) Fats Waller: The Centennial Collection – 2004 – Bluebird – Para comemorar os cem anos de nascimento do genial pianista, temos um CD com vinte gravações de Fats realizadas em estúdio e um DVD com apenas dezoito minutos de duração, onde constam quatro números da década de 1940, mais a participação do pianista no filme King of Burlesque, de 1935, além de um desenho animado cuja trilha sonora é Your Feet’s Too Big. A homenagem estaria completa se fossem adicionadas as outras duas aparições de Fats em filmes: Hooary for Love e Stormy Weather, que, juntas, não ultrapassam trinta minutos de duração. 040) Five Guys Named Moe – 1990 – Vintage Jazz Classics – Seleção de vinte e uma aparições do saxofonista e vocalista Louis Jordan em filmes, a maioria delas da década de 1940. Inclui boa parcela de seus clássicos, como Five Guys Named Moe, Caldonia, If You Can’t Smile and Say Yes, Let the Good Times Roll, That Chick’s Too Younf to Fry, Jumpin’ at the Jubilee, Choo Choo Ch-Boogie e Is You Is or Is You Ain’t Ma Baby. Em alguns números, Louis, um dos principais responsáveis pelo intercâmbio entre o swing e o rhythm and blues, conta com a presença do pianista e organista Wild Bill Davis. 041) Flip Phillips’ 80th Birthday Party – 1996 – Arbors – São quase duas horas de jams sessions em comemoração aos oitenta anos do grande saxofonista tenor, completados em 1995. Entre breves trechos em que é entrevistado, Flip conta com a companhia de trinta grandes músicos em onze números, entre eles Buddy DeFranco, Randy Sandke, Scott Hamilton, Carl Fontana, Phil Woods, Herb Ellis, Howard Alden, Billy Bauer, Buck Pizzarelli, Bob Wilber, Kenny Daverne, Dick Hyman e Joe Wilder. Destaque para a faixa Jumpin’ at the Woodside, com dezenove minutos de duração. 042) Gene Krupa: Swing, Swing, Swing! – 1990 – Tahoe Productions – Esta é a segunda coletânea sobre a carreira de Krupa realizada por Bruce Klauber, com a seleção de algumas de suas melhores apresentações durante as décadas de 1940, 1950 e 1960, a maioria delas para a TV. Grandes momentos do mestre da bateria ao lado de músicos como Benny Goodman, Lionel Hampton, Teddy Wilson, Anita O’Day, Roy Eldridge, Mel Powell, Charlie Shavers e Louis Armstrong. 043) The Genius of Lenny Breau – 2003 – Guitararchives – Documentário sobre um dos maiores guitarristas do mundo, que morreu cedo e desconhecido do grande público. Infelizmente, os números musicais são todos incompletos, muitos deles servindo de fundo musical para os depoimentos de gente como Pat Metheny, George Benson e Mike Stern. É isso. Para os amigos, fica o short Buzz me baby, com Louis Jordan.
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9 comentários:

Paula Nadler disse...

Que bela dica, beijo!

Danilo Toli disse...

Good job Mr. Lester.

APÓSTOLO disse...

Prezadíssimo JOHN LESTER:

Não conheço os números 026, 028 (esse deixei de adquirir, talvez por historicamente não conseguir "sintonizar" com Ornette Coleman), 037 e 040.
Os de COUNT BASIE são realmente imprescindíveis, valendo sua apreciação sobre o seminal "Swingin' the Blues".
CHRIS BARBER é fiel defensor do "tradicional", com elegância e bom humor.
O do "80º Aniversário" de FLIP PHILLIPS é pura magia, um encontro amistoso e amigável de gigantes, com Flip mostrando impressionante vitalidade aos 80; suas declarações nas entrevistas são histórias e estórias fascinantes.
DIANA KRALL é pura categoria, independente de algumas opiniões que a tratam como "comum; a cidadã sabe das coisas, "bebeu" Nat "King" Cole e Fats Waller, sabe de piano, divide e fraseia com perfeição, sabe escolher repertório (exceção de seu trabalho "The Girl In The Other Room", em que o "maridão" Elvis Costello estragou tudo) além de, em quarteto, sempre fazer-se acompanhar de gente séria (Anthony Wilson, John Clayton e Jeff Hamilton = melhor impossível).
Os documentários e musicais com FATS WALLER (muito além do humor um senhor pianismo), DUKE ELLINGTON, LOUIS JORDAN e GENE KRUPA (em boas companhias) são obrigatórios.
E BRUBECK é BRUBECK.
Mais uma vez e como sempre PARABÉNS e grato pela perfeita resenha, que nos obriga a rever momentos preciosos, didáticos e que fazem parte de toda uma estrutura de emoções.

Érico Cordeiro disse...

Capitão Lester,
Depois do que o Mestre Apóstolo disse, só me resta reproduzir o bordão da Pink Dink Doo, desenho animado do Discovery Kids e que os meninos aqui adoram: "Sim Senhore, positone"!
Abração!

pituco disse...

master lester,

kampeki...rs

abraçsonoros e pacíficos

thiago disse...

video bizarro

Internauta Véia disse...

Excelente o short!
Mais!

John Lester disse...

Prezados amigos, obrigado pelas visitas, em especial a de Mestre Apóstolo, com suas inestimáveis observações.

Grande abraço, JL.

Anônimo disse...

Parabenss, mais uma vez, master.