17/03/2010

Famoso quem - Al Cohn

Sempre disse aos amigos que poderia viver tranquilamente sem as coisas necessárias, desde que me fossem fornecidas as coisas supérfluas. É sim. Considerando que o destino embaralha as cartas e nós jogamos o jogo, não qualquer saxofonista tenor seria capaz de enfrentar Zoot Sims em paridade de armas. No álbum You 'N' Me Al Cohn demosntra que o acaso e o tempo podem ser elementos cruéis na determinação do sucesso de um músico de jazz, mesmo que ele jogue bem todas as partidas. Em cada uma das faixas desse injustamente esquecido álbum, Cohn faz perceber sua competência e talento, atributos que o levaram a substituir Herbie Steward no famoso Four Brothers, os saxofonistas da banda Second Herd, de Woody Herman. Nascido em New York, no dia 24 de novembro de 1925, começou a carreira ainda adolescente, tocando saxofone tenor nas bandas de Joe Marsala, George Auld e Buddy Rich, para os quais produzia também arranjos. Entre 1948 e 1949, Cohn integrou o Four Brothers e, embora fosse ofuscado pelos sopros de Zoot Sims e Stan Getz, Cohn destacava-se na produção de arranjos de qualidade. Após breve período trabalhando com Artie Shaw e Elliot Lawrence, em 1957 Cohn passa a trabalhar com Zoot Sims, numa feliz parceria que duraria até a década de 1980. Além disso, produz uma série de arranjos para big bands e produz uma série de álbuns, tanto como líder quanto como sideman. No final da carreira, deixa de lado a escrita para dedicar-se a seu instrumento, desenvolvendo uma sonoridade cada vez mais cool, bastante influenciada por Lester Young, mas repleta de personalidade própria. Antes de morrer, em 15 de fevereiro de 1988, Cohn apresentou-se algumas vezes com seu filho, o talentoso guitarrista Joe Cohn.

Para os amigos oferecemos a faixa The Note, com um jovem Mose Allison (p), Major Holley (b) e Osie Johnson (d). E, sim, eu sei que Zoot Sims e Stan Getz são absolutamente necessários, mas confesso que eu ficaria muito bem apenas com um supérfluo Al Cohn.

9 comentários:

olmiro muller disse...

Bravo, Mr. Lester, por ter lembrado deste excelente tenorista cool. Lembrei de outros dois que também foram brothers na sonoridade: Allen Eager e Brew Moore. Acho que Getz e Sims apareceram mais do que os outros, simplesmente por questão de oportunidade. Abraços.

Érico Cordeiro disse...

Mr. Lester,
Grande texto e grande lembrança. E o Al Cohn, que era também um alentado compositor e um arranjador de mão cheia, acabou não se tornando tão conhecido, apesar do talento. Acho que por priorizar essas facetas talvez tenha ficado à sombra dos brothers Sims e Getz (aliás, bons tempos aqueles em que big brothers eram Zoot Sims, Stan Getz, Al Cohn e Serge Chaloff - esse em breve pinta no jazz + bossa).
Ótima lembrança do Olmiro, mas gosto muito dos endiabrados Eddie Lockjaw Davis e Johnny Griffin.
Abração.

John Lester disse...

Nada como um supérfluo de vez em quando. Grande abraço, JL.

Danilo Toli disse...

Que beleza!

pituco disse...

master lester,

jazzseen até hoje era essencial e básico pr'eu...após a nova ordem, passa a ser supérfluo...rsrsrs

abraçsons

APÓSTOLO disse...

Prezado JOHN LESTER:

O máximo de swing no mínimo de espaço = o resto é supérfluo.
02 mágicos e, pelo menos em minhas audições, cultuados periodicamente.
Escolha perfeita de album e grato por mais essa nada supérflua postagem.

Carioca da Vila disse...

Espetacular!!!

O supérfluo é essencial!!

Parabéns!

blog disse...

Al Cohn é dos melhores, embora subestimado - ou seria pouco conhecido? The Four Brothers com apenas três?

Abraço, camarada.
Seu presente está no Ipsis. Cheque!

FG

figbatera disse...

"E, sim, eu sei que Zoot Sims e Stan Getz são absolutamente necessários, mas confesso que eu ficaria muito bem apenas com um supérfluo Al Cohn."
Eu tbm, Lester!