05/09/2010

Lenda viva: James Moody

Quando John Lester começou a falar sobre Jimmy Woods, não sei por qual motivo houve grande confusão no Clube das Terças, o mais longevo clube de jazz do Espírito Santo, que se reúne insistente toda terça-feira no shopping Centro da Praia. Exasperado, Lester retira-se da mesa quando o sócio André diz que Jimmy Woods tocava flauta muito bem. Reinaldo, percebendo o lapso, inicia uma didática ladainha: James Moody é outro desses mestres esquecidos do bom jazz. Eu também sempre fiz grande confusão sobre quem é quem. Na verdade, James Moody nasceu em Savannah, Georgia, no dia 26 de fevereiro de 1925. Apesar disso, cresce em Newark, New Jersey. Embora parcialmente surdo, sua curiosidade pelo jazz é despertada pelo pai, trompetista da banda de Tiny Bradshaw. Aos 16 anos, ganha do tio um saxofone alto e, mais tarde, durante o serviço militar, recebe suas primeiras lições regulares de música. Ao dar baixa, em 1946, passa a integrar a big band de Dizzy Gillespie como saxofonista tenor, chegando a viajar em turnê pela Europa com o genial trompetista, oportunidade em que toca o saxofone alto. Embora estabeleça amizade com Gillespie, que assume a condição de mentor musical do saxofonista, em 1949 James desliga-se da banda e passa três anos na França, ocasião em que trabalha com alguns dos melhores músicos de jazz que visitavam o Velho Mundo, como Tadd Dameron, Miles Davis, Max Roach, além de outros importantes instrumentistas do jazz europeu. É também em 1949, na Suécia, que grava I'm In The Move For Love, faixa que se tornaria um grande sucesso três anos depois, com o título Moody's Mood For Love e com a interpretação do grupo King Pleasure, obtendo grande sucesso de vendas. Na década seguinte, já de volta aos EUA, James forma seus próprios conjuntos, entre eles um magnífico combo co-liderado com mais dois grandes tenoristas: Gene Ammons e Sonny Stitt. Também nesse período, passa a tocar flauta, além de realizar uma série de gravações importantes para a Prestige. Em 1963, volta a trabalhar regularmente com o amigo Dizzy Gillespie, até 1968. Na verdade, após esse período, James manteria contato esporádico com Gillespie até a morte do trompetista, em 1993. Em 1975, James parte para Las Vegas, onde passa a se apresentar em clubes e cassinos , muitas vezes acompanhando vocalistas e comediantes. É nesse período que decide tocar também o clarinete. Em 1979, retorna a New York, agora liderando seu próprio quinteto. Dez anos depois, fixa-se em San Diego, dessa vez na condição de instrumentista renomado, apresentando-se em diversos shows pelos EUA e no exterior, inclusive ao lado de Gillespie e sua United Nations Orchestra.

Além de sua atuação como músico, James ministra uma série de cursos e workshops em colégios e universidades. E sua competência musical é reconhecida até mesmo pelo meio acadêmico, recebendo o grau de doutor honoris causa do Florida Memorial College e do Berklee College of Music. Sempre atuante, em 1997 James participa do filme Midnight in the Garden of Good and Evil, de Clint Eastwood. Em plena atividade, mesmo recuperando-se de uma cirurgia, James Moddy participaria mês passado de um show no Blue Note de New York. Desaconselhado por seus médicos, foi substituído por ninguém menos que Eric Alexander, Antonio Hart, Chris Potter, Lew Tabackin, Jimmy Heath e Joe Lovano, que prestaram tributo ao grande mestre. Para os amigos, a faixa Jammin' With James , retirada do excelente álbum Hi Fi Party, gravado em 1955 para a Prestige. Com ele estão Dave Burns (t), William Shepherd (tb), Numa Moore (bs), Jimmy Boyd (p), John Lathan (b) e Clarence Johnson (d). Lenda viva!

9 comentários:

PREDADOR.- disse...

Sr.Bravante, após ter levado uma "sumida grande", retorna ao blog com a apresentação de um músico e de um álbum de primeira, ambos excelentes. Sem mais comentários. Parabéns!!

Salsa disse...

Esse toca muito! Valeu o post, mr. Frederico.

Érico Cordeiro disse...

Seja bem vindo à blogsfera, Mr. Bravante. Você estava fazendo falta por estas bandas. Seu retorno não poderia ser mais auspicioso, com o grande JM, em altíssima voltagem!

John Lester disse...

Quem me dera poder estar no Blue Note semana passada...

Boa resenha Mr. Bravante.

Obrigado, JL.

Grijó disse...

Bravante, James Moody é um melodista que segue os passos de Rollins. Grande!

E por falar em Rollins e em "grande", hoje o homem faz 89 anos. O "homem" é Rollins, o Sonnyboy.

O Ipsis comemora.
Abraço

Grijó

Grijó disse...

Digitei eerado: 80 anos.

Abraço.

grijó

APÓSTOLO disse...

Resenha concisa e a gravação nos traz Moody em grande forma.
Excelente !

Anônimo disse...

Bravo, Bravante

Danilo Toli disse...

Não conhecia o caboclo, beleza de sopro!