Segundo alguns críticos, ao calcularmos a média aritmética entre Sonny Rollins e John Coltrane, encontramos Hank Mobley como resultado. Nascido em Eastman, Georgia, no dia 7 de julho de 1930, passa a maior parte da infância em Elizabeth, New Jersey, onde inicia os estudos de piano. Aos 16 anos, passa a tocar saxofone e, aos 19 e sob indicação de Clifford Brown, é contratado pela banda de R&B de Paul Gayten. Em 1951, Hank passa a trabalhar num nightclub de Newark, ao lado do pianista Walter Davis, Jr. Em apenas três anos, trabalha ao lado de músicos como Max Roach, Milt Jackson, Tadd Dameron, J. J. Johnson, Duke Ellington e Dizzy Gilespie, estabelecendo tão boa reputação que é contratado para integrar a primeira formação do Jazz Messengers, liderado pelo pianista Horace Silver. Com ele, participa da gravação do álbum Horace Silver and Jazz Messengers, realizada em 1955, pela Blue Note, álbum que constituiria um dos marcos iniciais do estilo Hard Bop. Ainda em 1955, Hank grava seu primeiro álbum como líder para a Blue Note, Hank Mobley Quartet. No ano seguinte, grava também para a Savoy e a Prestige. Ainda em 1956, Horace Silver decide formar uma nova banda e o Jazz Messenger passa a ser liderado pelo baterista Art Blakey. Mobley acompanha Silver até 1957 e, durante este período, grava como líder uma série de álbuns formidáveis para a Blue Note. Infelizmente, devido a seu envolvimento com as drogas, Mobley é preso em 1958, ficando fora de cena durante um ano.
De volta ao jazz, em 1959 Hank integra durante um breve período o Jazz Messenger, sob o comando de Art Blakey. No final da década de 1950, trabalha um curto período ao lado do trompetista Dizzy Reece. Em 1960, Hank volta a gravar como líder, realizando aquele que é considerado por muitos seu melhor álbum, Soul Station. No ano seguinte, Hank atinge seu reconhecimento máximo como instrumentista e compositor ao ser convidado a substituir John Coltrane no famoso quinteto de Miles Davis. Embora tenha realizado um trabalho memorável, a difícl convivência de Hank com o trompetista só durou até 1962. No ano seguinte, volta a gravar como líder e volta a ter problemas com a as drogas e a justiça, permanecendo mais um ano fora da cena musical. Em 1965, Hank volta a gravar, dessa vez recebendo influências do estilo soul jazz, cujos elementos passa a integrar em sua linguagem musical. Nesse período, além de gravar abundantemente com líder, Hank colabora como sideman com uma série de músicos importantes, como Lee Morgan, Barry Harris e Billy Higgins. Em 1967, parte em turnê para a Europa, onde trabalharia com o trombonista Slide Hampton. De volta aos EUA, gravaria mais dois álbuns como líder antes de aceitar o convite de Hampton para retornar à Europa, onde permaneceria por dois anos.
Em 1970, já nos EUA, Hank grava seu último álbum para a Blue Note e passa a co-liderar um quarteto com o pianista Cedar Walton. Em 1975, graves problemas de saúde obrigam-no a se afastar da música, embora ainda se apresentasse esporadicamente até sua morte, em 30 de maio de 1986, na Philadelphia. Quanto à média aritmética, certamente o extenso trabalho de Hank como sideman ofuscou seu brilhantismo solista. Tivesse insistido na posição de líder, certamente deixaria mais nítida sua capacidade quase inigualável de interpretar temas complexos com extrema facilidade e clareza. Seu afastamento consciente do sopro poderoso e agressivo estipula sua opção de não ser mais um Sonny Rollins do jazz. E sua fidelidade ao estilo Hard Bop, associada a uma linguagem seca e intimista, certamente impediram que fosse mais um John Coltrane. É como diz o crítico Leonard Feather: Hank foi o maior peso-médio do saxofone tenor.
Para os amigos, fica uma breve sugestão discográfica e a faixa Dance of The Infidels , retirada do álbum Hank, gravado em 1957 para a Blue Note. Com ele estão Donald Byrd (t), John Jenkins (as), Bobby Timmons: (p), Wilbur Ware (b) e Philly Joe Jones (d). Hank é o terceiro a solar.
Hank Mobley Quintet - 1957 - Blue Note TOCJ-6487 - Demonstrando sua qualidade não apenas com solista, mas também como compositor, aqui todos os temas são de sua autoria, com destaque para a faixa Funk in Deep Freeze. Acompanhado por dois de seus mais célebres patrões, Horace Silver (p) e Art Blakey (d), Hank conta ainda com o auxílio memorável de Art Farmer (t) e Doug Watkins (b).
Peckin' Time - 1958 - Blue Note TOCJ-6539 - Toda a categoria de Hank Mobley como instrumentista pode ser facilmente constatada nestas faixas, com destaque para Gil-Go Blues, com seus 12 minutos de duração. A companhia é excelente: Lee Morgan (t), Wynton Kelly (p), Paul Chambers (b) e Charlie Persip (d)
Soul Station – 1960 – Blue Note 46528 – Este talvez seja o melhor trabalho de Hank em quarteto, com interpretações magistrais de dois standards e quatro composições de sua autoria, que o consolida entre os melhores saxofonistas tenores do hard bop. Com Wynton Kelly (p), Paul Chambers (b) e Art Blakey (d).
No Room for Squares - 1963 - Blue Note - Aventurando-se pela trilha aberta por John Coltrane, Hank enriquece seu tradicional estilo com inovações melódicas e alterações de timbre, assumindo uma tonalidade mais forte e agressiva. Seus objetivos recebem apoio do também explorador pianista Andrew Hill. Com eles estão Lee Morgan (t), John Ore (b) e Philly Joe Jones (d).
Thinking of Home – 1970 – Blue Note 40531 – Último álbum de Hank para a Blue Note, selo cuja sonoridade o saxofonista muito contribuiu para modelar, mantém o padrão de excelência de seus álbuns anteriores, com um hard bop cada vez mais elaborado e sofisticado, o que talvez tenha contribuído para que fosse lançado apenas em 1980, dez anos após sua gravação. Com Woody Shaw (t), Eddie Diehl (g), Cedar Walton (p), Mickey Bass (b) e Leroy Williams (d).
Quer mais? Então ouça a faixa High and Flighty, retirada do álbum Peckin' Time .
Em 1970, já nos EUA, Hank grava seu último álbum para a Blue Note e passa a co-liderar um quarteto com o pianista Cedar Walton. Em 1975, graves problemas de saúde obrigam-no a se afastar da música, embora ainda se apresentasse esporadicamente até sua morte, em 30 de maio de 1986, na Philadelphia. Quanto à média aritmética, certamente o extenso trabalho de Hank como sideman ofuscou seu brilhantismo solista. Tivesse insistido na posição de líder, certamente deixaria mais nítida sua capacidade quase inigualável de interpretar temas complexos com extrema facilidade e clareza. Seu afastamento consciente do sopro poderoso e agressivo estipula sua opção de não ser mais um Sonny Rollins do jazz. E sua fidelidade ao estilo Hard Bop, associada a uma linguagem seca e intimista, certamente impediram que fosse mais um John Coltrane. É como diz o crítico Leonard Feather: Hank foi o maior peso-médio do saxofone tenor.
Para os amigos, fica uma breve sugestão discográfica e a faixa Dance of The Infidels , retirada do álbum Hank, gravado em 1957 para a Blue Note. Com ele estão Donald Byrd (t), John Jenkins (as), Bobby Timmons: (p), Wilbur Ware (b) e Philly Joe Jones (d). Hank é o terceiro a solar.
Hank Mobley Quintet - 1957 - Blue Note TOCJ-6487 - Demonstrando sua qualidade não apenas com solista, mas também como compositor, aqui todos os temas são de sua autoria, com destaque para a faixa Funk in Deep Freeze. Acompanhado por dois de seus mais célebres patrões, Horace Silver (p) e Art Blakey (d), Hank conta ainda com o auxílio memorável de Art Farmer (t) e Doug Watkins (b).
Peckin' Time - 1958 - Blue Note TOCJ-6539 - Toda a categoria de Hank Mobley como instrumentista pode ser facilmente constatada nestas faixas, com destaque para Gil-Go Blues, com seus 12 minutos de duração. A companhia é excelente: Lee Morgan (t), Wynton Kelly (p), Paul Chambers (b) e Charlie Persip (d)
Soul Station – 1960 – Blue Note 46528 – Este talvez seja o melhor trabalho de Hank em quarteto, com interpretações magistrais de dois standards e quatro composições de sua autoria, que o consolida entre os melhores saxofonistas tenores do hard bop. Com Wynton Kelly (p), Paul Chambers (b) e Art Blakey (d).
No Room for Squares - 1963 - Blue Note - Aventurando-se pela trilha aberta por John Coltrane, Hank enriquece seu tradicional estilo com inovações melódicas e alterações de timbre, assumindo uma tonalidade mais forte e agressiva. Seus objetivos recebem apoio do também explorador pianista Andrew Hill. Com eles estão Lee Morgan (t), John Ore (b) e Philly Joe Jones (d).
Thinking of Home – 1970 – Blue Note 40531 – Último álbum de Hank para a Blue Note, selo cuja sonoridade o saxofonista muito contribuiu para modelar, mantém o padrão de excelência de seus álbuns anteriores, com um hard bop cada vez mais elaborado e sofisticado, o que talvez tenha contribuído para que fosse lançado apenas em 1980, dez anos após sua gravação. Com Woody Shaw (t), Eddie Diehl (g), Cedar Walton (p), Mickey Bass (b) e Leroy Williams (d).
Quer mais? Então ouça a faixa High and Flighty, retirada do álbum Peckin' Time .
16 comentários:
Excelente pedida, mr. Lester. Tenho os três primeiros e mais alguns como sideman.
Muito bom, Mr. Lester!
Sim, um grande tenorista!
Valeu!
Resenha notável. Parabéns.
master lester,
tb sou fâ de mr.mobley assim como de mr.tina brooks e tenoristas do naipe...
valeô a dica e o sonzaço na radiola...
abraçsonoros
Excelente resenha, som de 1ª!
Beleza, Mr. Lester!
Tina é outro esquecido do jazz, excelente saxofonista tenor. Pituco lembrou bem.
Prezados amigos, obrigado pela visita. Mobley merece.
Grande abraço, JL.
Mr.Lester,
excelente resenha,como sempre.
Nas 2 radiolas eu ouvi a mesma musica,algum defeito no meu computador? E a musica "Dance of The Infidels" e' aquela composição de Bud Powell? Bem em caso afirmativo o Sr. deve ter colocado a outra musica 2 vezes.
Abraço
Prezado Mr. Tandeta, de fato houve algum problema com o player - isso tem sido comum quando posto mais de um player numa mesma resenha.
Obrigado pela advertência. Que Powell nos perdôe!
Grande abraço, JL.
Bela e oportuna resenha, para manter viva a chama de um tenorista de exceção.
Grato pela música.
Mr. Lester,agora sim! "Dance Of The Infidels",indeed!
E a introdução do Tio Joe , que categoria!!!!!!!!!
Abraço
Uma beleza, não é Mestre Tandeta?
Grande abraço, JL.
Só reparei qd. Mestre Tandeta avisou...tocava sempre amesma faixa,que adorei!
Mr. Lester e queridos amigos,
mestre não ,por favor. Nem de mim mesmo eu sou.
Abraços
Uau! Duas faixas maravilhosas!
E o Lester as deve ter escolhido pelos magníficos solos de bateria (entre outros).
Postar um comentário