05/12/2010

O instrumento mais natalino do mundo

Nenhum dos integrantes do Clube das Terças digere bem o tal de vibrafone, exceção feita a João Luiz, intrépido defensor do etéreo instrumento. Última reunião, aparece ele, todo faceiro, com o álbum The soulful vibes of Johnny Lytle, gravado naqueles anos incertos de 1962, pela Jazzland. Feliz da vida por não ter sido sua encomenda da Amazon tributada pela insidiosa Alfândega, João comentava que, se a nova ordem musical exigiu cor, com Elvis Presley na zaga e os Beattles na banheira, o jazz coloriu-se também. Felizmente, em alguns casos, sem abrir mão da qualidade musical que o DNA original forneceu: muito improviso e senso estético essencialmente instrumental, sem recursos vulgares à aliciação de jovens e sem a utilização de sorrisos colgate. O músico de jazz, clamava João, é, antes de tudo, um artista despido de recursos extra-musicais. Não lhe é necessário usar cabelos compridos para receber reconhecimento, nem lhe é suficiente o gritinho histérico da fã que lança calcinha ao palco. A transcendência sonora, temperada pelo racismo e pela exclusão social, era, é e será eternamente o tempero fundamental do jazz, seja ele produzido por negro ou branco. Nascido em meio a uma família musical - com pai trompetista e mãe organista - no dia 13 de outubro de 1932, em Ohio, Johnny Litle demonstra desde cedo o particular dom percussivo, daí ter sido exímio baterista e boxeador. Logo em seguida, sob forte influência de Lionel Hampton, passa a dedicar-se quase que exclusivamente ao vibrafone, tornando-se um dos melhores e mais velozes executantes do instrumento, fazendo jus  à alcunha de Fast Hands. Após alguns estágios com líderes  peso-pesados, como Ray Charles, Louis Armstrong, Miles Davis, Gene Ammons e Bobby Timmons, na década de 1960, aproveitando a popularidade do soul jazz, Liltle passa a liderar seus próprios combos, contando sempre com o apoio de sidemen de escol, como Frank Wess e Ron Carter.

Sua importante atuação como compositor e professor sempre foi discreta, assim como toda a sua carreira de instrumentista após a década de 1960, o que não faz  exatamente justiça para com um virtuose do instrumento, capaz de mover-se com destreza desde o Swing até o Hard Bop, passando com desenvoltura pelo mais complexo Bebop. Ainda assim, apresnta-se com sucesso pela Europa e, pouco antes de sua morte, ocorrida em 15 de dezembro de 1995, apresenta-se com a  Springfield Symphony Orchestra de sua cidade natal. Para os amigos, deixo a faixa Coroner's Blues , retirada do álbum de João Luiz, com Johnny Griffin (ts), Bobby Timmons (p), Sam Jones (b) e Louis Hayes (d).

14 comentários:

Anônimo disse...

A musica é boa...mas este barulhinho... parece q vai nos enloquecendo aos poucos.
seria um bom metodo de tortura?
q alivio qdo ele se retit
ra ds musica!
Da p/ ouvir uns 10 seg e depois sair correndo.
Mas VIVA a pluralidade e a biodiversidade n,e?

Anônimo disse...

A musica é boa...mas este barulhinho... parece q vai nos enloquecendo aos poucos.
seria um bom metodo de tortura?
q alivio qdo ele se retit
ra ds musica!
Da p/ ouvir uns 10 seg e depois sair correndo.
Mas VIVA a pluralidade e a biodiversidade n,e?

thiago disse...

natalíssimo

Érico Cordeiro disse...

Mestre John Lester,
Um disco fabuloso, onde temos o líder em excepcional forma e um Johnny Griffin endiabrado. Certamente um dos melhores álbuns de vibrafonistas, à altura, por exemplo, do maravilhoso Coolin', do não menos talentoso (e hoje tão obscuro quanto) Teddy Charles.
Um dos meus preferidos, com versões sublimes de But Not For Me e da sinatreana Nice And Easy.
Como sempre, o Jazzseen, qual uma Enterprise do jazz, caminha, audaciosamente, "onde nenhum homem jamais esteve"!
Abração!

Salsa disse...

ando mais flexível com o vibrafone (mas ainda não engulo a harpa). A banda é de all-stars. Valeu!

figbatera disse...

Eu gosto do som do vibrafone.

APÓSTOLO disse...

Prezado JOHN LESTER:

Parabéns ! ! !
Bela lembrança de um senhor músico e de uma gravação em que JOHNNY caminha sobre um "colchão" da maior qualidade = Timmons, Sam Jones e Louis Hayes.
"The Little Giant" absoluto, como habitual, no tenor.
O vibrafone é instrumento para os mais dotados, como Milt Jackson e poucos mais.
Após o solo de JG a "cozinha" esbanja classe e swing.
Um primor ! ! !

Frederico Bravante disse...

Um belíssimo instrumento que certamente deveria ser proibido no jazz. Que falta nos faz um vibrafone?

Passar bem!

Andre Tandeta disse...

Lionel Hampton,Milt Jackson, Bobby Hutcherson, Gary Burton,Victor Feldman são apenas alguns dos musicos que escolheram o vibrafone como instrumento para se expressar. Creio que nas mãos deles o vibrafone e' tão expressivo quanto o sax tenor,por exemplo.
Conheço tambem algumas pessoas que não gostam do vibrafone.
Acho que sempre , em tudo na vida, não e' O QUE e sim COMO, o que remete a QUEM.

Aluizio Amorim disse...

Seu blog é um espetáculo. Sempre passo por aqui para aprender mais sobre o jazz. Meus cumprimentos. É show!

charlles campos disse...

tá lá:

http://charllescampos.blogspot.com/2010/12/love-supremejohn-coltrane-46-anos-hoje.html

.Edinho disse...

Mestre JL
Uma vez me visitou e foi exatamente para meter o malho no Milt Jackson, quando postei "What's Up The Very Tall Band" com Milt Jackson, Oscar Peterson & Cia...Na minha modéstia opinião, acho que um instrumento quando bem tocado tem sempre a sua vez ,até caixa de fósforos usados. Vc não acha!?!

Abraços sonoros ,

John Lester disse...

Prezados amigos, muito obrigado pelas manifestações, inclusive as de apreço ao instrumento do Papai Noel.

Antes do Natal postaremos nova resenha.

Grande abraço, JL.

pituco disse...

master lester,

mas, sta.claus toca vibrafone???...não sabia...pra mim, temas natalinos eram entoados ao som de harpas do sr.bordon...referência de latino...rs

abraçsonoros
and merry x'mas