18/05/2006

É claro que o jazz foi assassinado mas, como diz a lei, sem corpo não há crime.


Romare Bearden (1911-1988).
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Romare Bearden é meu artista preferido quando o tema é jazz. Suas colagens, pinturas e demais loucuras estéticas parecem transbordar da superfície e saltar sobre nós, como que nos convidando a ouvir, dançar e curtir o jazz.
Não haveria melhor capa para o excelente cd do integrante mais endiabrado da família Marsalis. Ao contrário do comportado virtuose Wynton, Branford passa aquela coisa que tanto aprecio no verdadeiro músico de jazz: a espontaneidade. A capacidade de levar na brincadeira toda a seriedade que tem cercado a escola de tradicionalistas, comandada por seu irmão do alto da torre do Lincoln Center. Branford, ao encontrar o corpo do jazz estendido no chão, solta profundos gritos de dor, lamentos sinceros de angústia e, a seguir, sai em disparada, brincando, sorrindo e improvisando como a criança que, após o enterro do pai, encontra seus amigos em plena algazarra. O jazz tem dessas coisas.
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É claro que o jazz morreu. Mas, enquanto o corpo não aparece, podemos nos divertir muito com esse excelente saxofonista, genial e moleque, que é Branford Marsalis, revivendo clássicos imortais do jazz. Recomendo.


5 comentários:

Anônimo disse...

Tá escrivinhando direitim cabra. Valeu !

Anônimo disse...

Branford salvou essa geração da família Marsalis.

Anônimo disse...

E quem disse que eu saio do cemitério e vou direto para a praia beber, gargalhar e olhar mulher bonita ?

Eu não !!!

Anônimo disse...

O jazz morreu e o vivo é você ??? Ora, ora, ora...

Anônimo disse...

Vai sim, pastor, já vi vc. fazer isso...