Ao promovermos concursos infames como o Jazz Air Musicians Awards é de se esperar que todos aproveitem para descer o sarrafo em músicos que, por motivos nem sempre claros, incomodam as sensibilidades dos navegantes. Para amenizar algumas das opiniões (embora mantendo o direito à expressão do desagrado) farei algumas observações sobre discos dos premiados que me agradaram. Os dois primeiros são de Keith Jarrett, também conhecido como"cuspidor de Viena" (como o apelidou o navegante Maurício Torres ao dar o seu abalizado voto). Ouço os Standards, v 1 e 2. Eu, como um baladeiro de carteirinha, não posso deixar de apreciar a leitura feita por Jarrett dos diversos temas interpretados (apesar de seus grunhidos, em determinados momentos, tornarem-se algo assustador). Pensemos, em primeiro lugar, na pegada do pianista: a sua linguagem é irremediavelmente contemporânea e, ao lado de Evans e Corea, ele tornou-se uma das maiores influências para os novos instrumentistas (aconselho que tentem ouvir outros - faz bem para o ouvido e para a alma). Membro da confraria avant gard dos anos sessenta, o nosso "cuspidor"conseguiu, nesses dois cds, imprimir uma boa coesão harmônica e melódica acrescida de um elevado grau de inventividade nos improvisos. O baixista Gary Peacock merece um destaque pela sua ousadia nos solos, do mesmo modo o baterista Jack Dejohnette: por se manter na condução rítmica com uma tranqüilidade que nem sempre o acompanha. Aliás, a soma de três instrumentos que têm o rítmo como aspecto marcante (o piano de Jarrett é bastante percussivo) deixam esses discos com o astral elevado. Se não fossem as cuspidas e ganidos excessivos, eu tascaria cinco estrelas, mas, no caso, quatro está de bom tamanho. Despeço-me ao som de God bless the child, um tema que eu sempre peço aos colegas (quando vamos tocar) para tentarem copiar a mandada do trio liderado por Jarrett.
30/05/2006
Em defesa de Keith Jarrett, o cuspidor de Viena.
Ao promovermos concursos infames como o Jazz Air Musicians Awards é de se esperar que todos aproveitem para descer o sarrafo em músicos que, por motivos nem sempre claros, incomodam as sensibilidades dos navegantes. Para amenizar algumas das opiniões (embora mantendo o direito à expressão do desagrado) farei algumas observações sobre discos dos premiados que me agradaram. Os dois primeiros são de Keith Jarrett, também conhecido como"cuspidor de Viena" (como o apelidou o navegante Maurício Torres ao dar o seu abalizado voto). Ouço os Standards, v 1 e 2. Eu, como um baladeiro de carteirinha, não posso deixar de apreciar a leitura feita por Jarrett dos diversos temas interpretados (apesar de seus grunhidos, em determinados momentos, tornarem-se algo assustador). Pensemos, em primeiro lugar, na pegada do pianista: a sua linguagem é irremediavelmente contemporânea e, ao lado de Evans e Corea, ele tornou-se uma das maiores influências para os novos instrumentistas (aconselho que tentem ouvir outros - faz bem para o ouvido e para a alma). Membro da confraria avant gard dos anos sessenta, o nosso "cuspidor"conseguiu, nesses dois cds, imprimir uma boa coesão harmônica e melódica acrescida de um elevado grau de inventividade nos improvisos. O baixista Gary Peacock merece um destaque pela sua ousadia nos solos, do mesmo modo o baterista Jack Dejohnette: por se manter na condução rítmica com uma tranqüilidade que nem sempre o acompanha. Aliás, a soma de três instrumentos que têm o rítmo como aspecto marcante (o piano de Jarrett é bastante percussivo) deixam esses discos com o astral elevado. Se não fossem as cuspidas e ganidos excessivos, eu tascaria cinco estrelas, mas, no caso, quatro está de bom tamanho. Despeço-me ao som de God bless the child, um tema que eu sempre peço aos colegas (quando vamos tocar) para tentarem copiar a mandada do trio liderado por Jarrett.
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5 comentários:
Jarrett é inabalável.
Salsa, Jarrett é totalmente ECM. Mas, de vez em quando quase acerta. O melhor que conheço dele é bem parecido com a série Standards. Trata-se do box com seis discos Keith Jarrett at the Blue Note: The Complete Recordings, gravdos no verão de 1994.
Qualquer coisa, JL
Demorou. estou no "aguardo".
Jarrett poderia ficar tocando apenas Bach. Não faria falta alguma no jazz.
Para bem do jazz existe um Trio como o de Jarret, com Peacock e De Joanete. Eles formam uma leve lembrança dos ensinamentos sonoros de Bill Evans. O interessante é que perduram comercialmente, são formadores de blocos sonoros de extremo bom gosto.Um bom jazz feito em nome do , por que não, jazz mainstream. Até o De Joanete comporta-se muito bem.
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