11/06/2006

Jeanne e o gênio

A véspera não anunciava a noite de lua que agora invade a minha janela. A vida é assim: cheia de surpresas. Nem sempre agradáveis, nem sempre ruins. Eu, medroso que sou, evito arriscar-me. Gostaria de mais garantias, mas, diz-me o escritor mineiro: "Salsa, viver é perigoso e risco maior é ficar submerso nas santas convenções dos hábitos estadados". Às vezes eu me lembro disso e permito-me alguns arroubos aventureiros. Dane-se o perigo. Fui, então, à estante e peguei um daqueles discos que a gente fica olhando de banda (e vice-versa) e acaba esquecendo que existe. Sapequei o danado na radiola e uma voz quente emergiu, envolvente como um edredon numa noite fria. Nenhum ganido, nenhum scat despropositado, nenhuma afetação. Assim é a voz warm & sweet de Jeanne Lee. Emoldurando-a, surge o som do piano de Ran Blake, com aquele toque avant garde, criando progressões harmônicas inusitadas para os standards (ouve-se Laura, Summertime, Lover Man, When Sunny gets blue, Lover man, além de uma versão de Blue Monk que deixaria o autor orgulhoso). Um disco mais que equilibrado e muito bom de ouvir que, se não fosse pela inspiração da lua, poderia ter ficado mofando na discoteca. Despeço-me e agradeço à Fortuna ao som da prece He’s got the whole world in his hand, interpretado à capela por Jeanne Lee. Não tem como não dormir bem após essa experiência. Ôpa! Eis o nome do disco: Jeanne Lee & Ran Blake - the newest sound around.

6 comentários:

Anônimo disse...

bota uma faixa no gramophone salsa !

Salsa disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Salsa disse...

Já está lá. Sapequei Blue Monk,mas tem muito mais. Em outra oportunidade rola outra.

Anônimo disse...

Delícia de seleção.

Salsa disse...

:-)thanks

Anônimo disse...

oi mariana :)