11/11/2006

Cizânia

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Um dos objetivos do Jazzseen, sobretudo nas resenhas escritas por John Lester, é estabelecer a cizânia entre seus leitores. Sem discórdia o mundo seria insuportável e, certamente, o jazz não existiria. Tanto é assim que, conforme tem sido amplamente divulgado pelos meios de comunicação, no mês que vem daremos ênfase ao acid jazz, um estilo carregado de sentimento groove, soul e funk. A formação característica do acid jazz é órgão, guitarra e bateria, muitas vezes acompanhados de um lauto tenor. Nesse estilo não devemos procurar por teoremas complexos, pois somente existem leves axiomas, daquele tipo que todos intuem sem maiores dificuldades. O acid jazz é sentimento. Sendo assim, se vamos falar de Larry Young, melhor falarmos aqui e agora porque não haverá espaço para ele no acid jazz. Larry, um dos melhores organistas do jazz, iniciou a carreira bastante influenciado por Jimmy Smith (e que organista não foi influenciado por ele?), mas não demorou a mergulhar nas experiências modais propostas por John Coltrane, transformando seu até então tímido instrumento em uma máquina musical complexa. Afastando-se da simplicidade aconchegante do soul, Larry desbravou os mares revoltados da modalidade e construiu um caminho absolutamente novo para o órgão no jazz. Como dizem os críticos, se Jimmy Smith foi o Charlie Parker do órgão, Larry Young foi seu John Coltrane. E, como seus paradigmas, morreu bem cedo, aos 38 anos. No Gramophone Jazzseen, logo acima, deixo a faixa You Don't Know What Love Is, retirada do álbum Talkin' About de Grant Green - um grande guitarrista do acid jazz. Esse álbum faz parte da excelente coletânea da Mosaic The Complete Larry Young Blue Note Recordings. Note que, apesar de ainda comportado, Larry já demonstra a que veio, não se limitando a imitar o mestre do soul Jimmy Smith. Nada melhor que órgão ou vibrafone para estabelecer a cizânia em qualquer reunião de amantes do jazz. Boa discussão!

5 comentários:

Salsa disse...

Gosto de Grant Green. O organista realmente não atrapalhou. Valeu mr. lester.

Salsa disse...

Em tempo: Eu só não percebi a tendência coltraneana do organista.

John Lester disse...

O problema dos escritores amadores é esse: ninguém entende, nem poderia entender, o que escrevemos. A coisa é assim: nessa fase Larry nem tocava soul jazz a la Jimmy Smith nem jazz modal a la John Coltrane. O cara estava a meio caminho de alguma coisa. Espero ter ajudado Mr. Salsa.

Salsa disse...

Fica triste não, chefia. Você escreve bem, só faltou essa pequena situada. depois você mostra a fase modal do rapaz?

Anônimo disse...

Esse tal de Larry, que nunca vi mais gordo, chegou a tocar com Coltrane?