04/01/2007

Elas também tocam jazz

Essa coluna do blog normalmente fica aos cuidados de mr. Lester, mas como ele se encontra perdido entre os botecos jazzísticos de Nova Iorque restou-me a incumbência (soube que ele estava providenciando aquela garrafa [com rolha] de Gentleman Jack para este esforçado operário). Aproveito a oportunidade para falar de uma pianista que Reinaldo, o decano do Clube das Terças, já faz algum tempo insiste para tecermos algumas linhas: Jessica Williams. Lembro-me que Reinaldo fez algumas observações interessantes e poéticas sobre a moça, mas eu evitarei repeti-las para não corromper a idéia (depois ele deixará suas observações ali embaixo, nos comentários). Apesar de pouco divulgada entre o grande público amante do jazz, Jessica é reconhecida entre os músicos pela sua segurança diante do teclado e pelas performances geniais. A força de suas interpretações não deixa nada a dever aos representantes da ala masculina do jazz; mais ainda, podemos dizer que ela mostra que a música é muito mais que imagina os misóginos de plantão. Ouviremos duas faixas fantásticas ali no Gramophone by Salsa.

4 comentários:

Anônimo disse...

Intensa!

Anônimo disse...

Adepta de Thelonious Monk é uma pianista de mão cheia. "In the key of Monk", "Arrival", "Live at the Yoshi's", onde apresenta-se tocando a música Mysterioso, são alguns de seus principais discos. Com uma técnica apuradíssima, Jessica , além de seu senso de improvisação, procura elaborar acordes belíssimos em suas interpretações.
Boa pedida Mr. Salsa.

Anônimo disse...

Jessica Williams é uma pianista que apresenta quatro faces principais e, em todas elas, se mostra competente e envolvente: a face lírica, com forte influência de Bill Evans; a lúdica, que deriva de sua declarada admiração por Thelonious Monk; a bluesística, em que se destaca de modo excepcional; e a que eu chamo de desconstrutivista, em que se dedica sobretudo a demolir as estruturas de baladas antológicas para reconstruí-las a partir dos estilhaços.
Salvo engano, toda a sua discografia se concentra em duas formações, a de solo e a de trio. É considerada uma virtuose pelos mais importantes guias de jazz, inclusive pelo de Scott Yanow.
A faixa Orange, no Gramophone de Salsa, é tema de Charles Mingus, e quem conhece a versão em piano solo do próprio MIngus perceberá que é a ela que JW se reporta, e não às outras versões que Mingus gravou com vários de seus grupos. Uma destas, fácil de encontrar, e muito boa, é a que está no disco da série Jazz Hour, lançada no Brasil pela MOvieplay, na qual Mingus se apresenta com o sexteto que levou à Europa em 1964, incluindo estrelas como Eric Dolphy, Clifford Jordan e Jaki Byard.

John Lester disse...

Bem, conforme compromisso, cá estou. E, considerando os cometários já feitos pelos amigos navegantes, só me resta calar e agradecer a Mr. Salsa pela coluna "Elas também tocam jazz" de janeiro.