Creio que Lester já comentou alguma coisa sobre Tenório Júnior, mas eu gostaria de frisar um pouco mais a obra e o drama desse fenomenal pianista que faleceu nas mãos da repressão ditatorial argentina. Embalo, o seu único disco, é uma obra de destaque que merece ser ouvido de cabo a rabo. O dicionário de Cravo Albin enfatiza: "Em 1964, gravou seu único disco solo, o LP instrumental "Embalo", como pianista e arranjador, registrando, entre outras, a faixa-título, de sua autoria. Ao seu lado, os músicos Sérgio Barroso (baixo), Milton Banana (bateria), Rubens Bassini (congas), Celso Brando (violão), Neco (guitarra), Pedro Paulo e Maurílio (trompete), Edson Maciel e Raul de Souza (trombone), Paulo Moura (sax alto), J. T. Meirelles e Hector Costita (sax tenor). Nessa época, atuou com freqüência nas sessões jazzísticas do Clube de Jazz e Bossa, a convite do crítico Ricardo Cravo Albin, que havia sido seu amigo desde a adolescência, no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Enquanto vocês lêem o texto, ouçam Embalo, Nectar e Sambinha.
No site Tortura nunca mais, o verbete do nosso pianista destaca:
Desaparecido desde 1976, quando tinha 35 anos.
Músico que excursionava por Buenos Aires, acompanhando o violonista Toquinho e o poeta Vinícius de Moraes.
Tenorinho, como era conhecido, foi detido na noite de 18 de março de 1976, logo após ter deixado o Hotel Normandie para procurar uma farmácia em busca de medicamentos. Foi tragado pela rede clandestina da repressão oficial sem deixar pistas.
Vinícius de Moraes, Toquinho e mais alguns amigos, como o poeta Ferreira Gullar (exilado em Buenos Aires) mobilizaram-se inutilmente. Procuraram em hospitais e delegacias e buscaram ajuda na embaixada brasileira.
O governo brasileiro, em 1976, informou que nada sabia e o Itamaraty anunciou que "envidava esforços" para localizar o pianista desaparecido.
Em 1986, o ex-torturador argentino Claudio Vallejos, que integrava o Serviço de Informação Naval, em entrevista à revista Senhor (n° 270) menciona o destino de diversos brasileiros nas mãos da ditadura argentina: Sidney Fix Marques dos Santos, Luiz Renato do Lago Faria, Maria Regina Marcondes Pinto de Espinosa, Norma Espíndola, Roberto Rascardo Rodrigues e Francisco Tenório Jr. Em documentos apresentados por Vallejos diz-se:
"Do dia 20 de março de 1976 – quando o Capitão Acosta solicita ao Contra-Almirante Chamorro autorização ‘para estabelecer contato com o agente de ligação, código de guerra 003, letra C, do SNI do Brasil’, para que informasse a central do SNI no Brasil que o grupo de tarefa chefiado por Acosta estava ‘interessado na colaboração para a identificação e informações sobre a pessoa do detido brasileiro Francisco Tenório Jr.’"
Outro documento, em ofício assinado por Acosta é dirigido ao embaixador, em nome do "Chefe da Armada Argentina", e datado de 25 de março de 1976, quando a embaixada brasileira era comunicada sobre o seguinte:
"1) Lamentamos informar a essa representação diplomática o falecimento do cidadão brasileiro Francisco Tenório Júnior, Passaporte n° 197803, de 35 anos, músico de profissão, residente na cidade do Rio de Janeiro;
"2) O mesmo encontrava-se detido à disposição do Poder Executivo Nacional, o que foi oportunamente informado a esta Embaixada;
"3) O cadáver encontra-se à disposição da embaixada na morgue judicial da cidade de Buenos Aires, onde foi remetido para a devida autópsia."
Mesmo a embaixada brasileira tendo sido comunicada do assassinato de Tenorinho, no mesmo mês de março de 1976, o governo brasileiro jamais tomou a iniciativa de se comunicar com os familiares do músico, que não receberam sequer seus restos mortais.
Músico que excursionava por Buenos Aires, acompanhando o violonista Toquinho e o poeta Vinícius de Moraes.
Tenorinho, como era conhecido, foi detido na noite de 18 de março de 1976, logo após ter deixado o Hotel Normandie para procurar uma farmácia em busca de medicamentos. Foi tragado pela rede clandestina da repressão oficial sem deixar pistas.
Vinícius de Moraes, Toquinho e mais alguns amigos, como o poeta Ferreira Gullar (exilado em Buenos Aires) mobilizaram-se inutilmente. Procuraram em hospitais e delegacias e buscaram ajuda na embaixada brasileira.
O governo brasileiro, em 1976, informou que nada sabia e o Itamaraty anunciou que "envidava esforços" para localizar o pianista desaparecido.
Em 1986, o ex-torturador argentino Claudio Vallejos, que integrava o Serviço de Informação Naval, em entrevista à revista Senhor (n° 270) menciona o destino de diversos brasileiros nas mãos da ditadura argentina: Sidney Fix Marques dos Santos, Luiz Renato do Lago Faria, Maria Regina Marcondes Pinto de Espinosa, Norma Espíndola, Roberto Rascardo Rodrigues e Francisco Tenório Jr. Em documentos apresentados por Vallejos diz-se:
"Do dia 20 de março de 1976 – quando o Capitão Acosta solicita ao Contra-Almirante Chamorro autorização ‘para estabelecer contato com o agente de ligação, código de guerra 003, letra C, do SNI do Brasil’, para que informasse a central do SNI no Brasil que o grupo de tarefa chefiado por Acosta estava ‘interessado na colaboração para a identificação e informações sobre a pessoa do detido brasileiro Francisco Tenório Jr.’"
Outro documento, em ofício assinado por Acosta é dirigido ao embaixador, em nome do "Chefe da Armada Argentina", e datado de 25 de março de 1976, quando a embaixada brasileira era comunicada sobre o seguinte:
"1) Lamentamos informar a essa representação diplomática o falecimento do cidadão brasileiro Francisco Tenório Júnior, Passaporte n° 197803, de 35 anos, músico de profissão, residente na cidade do Rio de Janeiro;
"2) O mesmo encontrava-se detido à disposição do Poder Executivo Nacional, o que foi oportunamente informado a esta Embaixada;
"3) O cadáver encontra-se à disposição da embaixada na morgue judicial da cidade de Buenos Aires, onde foi remetido para a devida autópsia."
Mesmo a embaixada brasileira tendo sido comunicada do assassinato de Tenorinho, no mesmo mês de março de 1976, o governo brasileiro jamais tomou a iniciativa de se comunicar com os familiares do músico, que não receberam sequer seus restos mortais.
6 comentários:
Resenha sem foto? Não gostei!
Meu computador está com tpm. Não consegui fazer o upload da foto. Ouça a música que, com certeza, você fará uma boa imagem de Tenorinho.
Mas no meu pc aparece foto sim
Esses frequentadores do "jazzseen" são deveras engraçados! Ficam preocupando-se com existencia de fotos e outras bobagens, quando o que realmente interessa é o conteúdo do comentário feito pelo articulista , abordando a música e a saga de um dos maiores pianistas brasileiros, que nos deixou precocemente. Músico que inovou com seu toque alegre e inventivo, pianista de muitos recursos técnicos, deu uma contribuição marcante no campo da "bossa-jazz", com repercussão ,inclusive, fora do Brasil. Vamos então procurar conhecer o músico , seu trabalho e apreciar a sua música, sem preocupações com fotos e outras babaquices. É isso.
Ui, que meda!
Tem certos fatos que jamais devem ser esquecidos ou apagados de nossa memória, este é um deles.Eles aprofundam nosso estado de indignação e repúdio as inescrupulosas chantagens da vida.Edú
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