05/09/2007

Tim, Tim - Joe Lovano

Enquanto Mr. Edú não prende os integrantes do Jazzseen, vamos escrevendo sobre jazz, nossa grande paixão. Parece pacífico, pelo menos entre os amigos que visitam o blog, que não existe a tal figura do 'especialista em jazz'. Essa imagem quase anedótica do especialista costuma aparecer aqui e ali, mas na hora de improvisar que é bom, rói a corda. O que existe em jazz é apenas aquela longa e interminável discussão sobre estar ele vivo ou morto, sobre o free jazz ser jazz ou não, ou sobre quem canta mais, se Billie Holiday ou Ella Fitzgerald. Jazz é isso, papo furado. Comparar Coleman Hawkins com Lester Young ou descer o malho em Ornette Coleman. Mas jazz também é um pouco música, essa música que a gente ouve e, sem saber como nem porque, sabe que é jazz. Caso típico de músico de jazz é o incorrigível Joe Lovano, esse fantástico tenor que vem nos prestigiar no Tim Festival 2007. Joe é um cara abençoado: seu pai era um competente saxofonista e, mais importante que isso, tinha uma enorme discoteca em casa. O menino cresceu brincando no quintal e ouvindo Lester Young, Charlie Parker, Coleman Hawkins e Dexter Gordon. E deu no que deu. Aos 19 anos já estava em Berklee estudando com Gary Burton. Em 1974 grava seu primeiro álbum com Lonnie Liston Smith e, logo em seguida, parte em turnê com Brother Jack McDuff. Depois da fase Hammond B3, Joe parte para New York, onde trabalha com Chet Baker, Woody Herman, Mel Lewis, Paul Motion e Bill Frisell. Na década de 1980 parte em turnê para a Europa com Elvin Jones, gravando com excelentes músicos italianos, entre eles Aldo Romano. Modernizando-se, Joe passa a trocar figurinhas estranhas com Charlie Haden, Jack DeJohnette, Paul Motion et coetera. Mas nada disso atrapalha sua sonoridade macia, ampla e cheia. Admirador de Hank Mobley, John Coltrane, Sonny Stitt e Sonny Rollins, Joe possui um fraseado rico, complexo e ágil, com uma noção de tempo tão precisa que, em alguns momentos, chega a ser irônica. Hoje ocupa uma posição de destaque entre os saxofonistas de jazz, talvez porque saiba tocar seu instrumento, coisa rara no jazz moderno. Joe é um dos poucos saxofonistas que conseguem dar ao jazz sua razão de ser, de ainda existir. Para os amigos navegantes, deixo GRATUITAMENTE a faixa Now's The Time, retirada de álbum Hometown Sessions, gravado com sua família em Cleveland, em 1998. O ambiente familiar traz toda aquela espontaneidade tão saudável ao jazz, mas também aquela péssima qualidade de gravação: você tem que colocar o volume no máximo para conseguir ouvir alguma coisa. Apesar de tudo, recomendo a COMPRA desse álbum formidável!

Joe Lovano_Hometow...

10 comentários:

Anônimo disse...

Existem outros bons saxofonistas, mas o jazz anda no limbo e ninguém dá bola para bons instrumentistas. Como as chances para um reles mortal vitoriano assisti-los ao vivo e à cores, é melhor não perder a oportunidade.

Anônimo disse...

leia-se "...e à cores são mínimas"

Anônimo disse...

leia-se "...e à cores são mínimas"

Anônimo disse...

Vcs sempre farão juz a meu "habeas corpus".Sou admirador do trabalho que realizam e vibrô sempre q vejo o número de acessos diários e a instantânea manifestação dos particantes, independente do assunto.É uma galera acima de tudo atenta e resultado de um trabalho cansativo e compensador, acredito.Mas o assunto e o Lovano.Acho um privilégio podemos assistí-lo aqui em seu melhor contexto , o noneto.No entanto, sou menos entusiasta quando a seu timbre pessoal.Coloco na situação de excelente,sem ser brilhante, saxofonista, que concilia um trabalho sério de educador com uma grande coragem em enfrentar projetos inóspitos e pouco comerciais.Produz muito e bem ,a seu favor.Existem tb outros saxofonistas brancos excelentes em atividade Bennie Wallace,Harry Allen,Ernie Watts,Dave Liebman.Edú

Anônimo disse...

Em cores, Salsa, � o ticket do festival Bob-Tim Scardua alardeia a 140 paus mais Cecil Taylor de b�nus. � soft? Ainda diz que jazz � isso, papo furado, ambinte familiar, um rar�ssimo instrumentista que sabe tocar. Ok, Bob-Tim, voc� venceu.

Anônimo disse...

Edú, por aqui a gente tem ouvido muito o Grant Stewart, o George Garzone e o Chris Potter. Vc conhece?

Considero-os excelentes saxofonistas. Um abraço.

Anônimo disse...

Esse é o blog da maior confraria de "coltaneanos" do país.Então, "experts" em saxofone.Conheço o Garzone,e o C. Potter, que já assisti ao vivo no quinteto do Dave Holland, excelentes.O Stewart eu ainda não conheço, como milhares de coisas que ainda preciso descobrir.Conto com vossas dicas pra me aprimorar.Edú.

Anônimo disse...

Já encomendei!

figbatera disse...

Alô Salsa, Lester (ou quem mais puder): alguém aí pode me mandar a partitura do "A night in Tunisia"?
Aradeço antecipadamente a gentileza.
Meu e-mail é: olney@uai.com.br

Anônimo disse...

Olney,
Enviei um e-mail com as dicas para conseguir a partitura.