Perguntaram-me sobre a sacola verde que eu portava na foto do post abaixo. Respondo: eu estava com dois pedaços de pedra-sabão (cf. foto). Há vinte sete anos atrás, lá mesmo, nas ruas de Ouro Preto, eu fazia pequenas esculturas de madeira e pedra para vender aos turistas. Deu-me vontade de fazer escultura. E as pedras estão carregando um saxofonista e um baixista - só falta tirar o excesso.
E por falar em saxofonista, encontrei um na porta do teatro. Magro e baixo, carregava o estojo com o sax, não permitindo que ninguém o ajudasse na tarefa. Carregava-o como se carregasse a própria alma. E era justamente isso: o sax é a alma de Joshua Redman. No palco, aquela figura aparentemente frágil mostrou-se um gigante. Pilotando o tenor e o soprano, o jovem saxofonista mostrou porque é um dos maiores instrumentista de jazz desse mundinho cão. Sua performance foi simplesmente arrebatadora, mostrando o mais puro jazz que um músico vivo ainda pode fazer. Para mim, Joshua honrou todos aqueles que dedicaram a vida ao jazz. Foi uma ode lúdico-amorosa como jamais presenciei antes. Não posso deixar de citar o também jovem baixista Matthew Penman, que encarou a dura tarefa de sustentar (mais do que satisfatoriamente, de modo eficaz e virtuoso) a harmonia por onde Redman passeou inconteste. Os patterns mantidos com vigor e precisão pelo baixista fizeram a platéia que lotava o Salão Diamantina se dobrar (aliás, os baixistas foram uma atração à parte do Tudo é jazz) . O baterista, contagiado, mostrou sua versatilidade e o peso de sua mão. Reinaldo, membro combalido e patrono do Clube das Terças, talvez não gostasse, mas ali, ao vivo e a cores, a presença de Gregory Hutchinson foi um elemento fundamental para compor a alegria que reinava. Emocionei-me, pois. De quebra, o também jovem pianista Aaron Goldberg (que merecerá comentário específico) subiu para participar de um tema .
Ao fim, um colega me perguntou: "Aprendeu, Salsa?" E eu respondi: Aprendi, sim. Jazz tem que ser tocado com alegria, como crianças que brincam, despreocupadas (a não ser com a própria diversão), nesse grande jardim que a música pode nos proporcionar. Foi isso que o trio de Redman me ensinou.
Ao fim, um colega me perguntou: "Aprendeu, Salsa?" E eu respondi: Aprendi, sim. Jazz tem que ser tocado com alegria, como crianças que brincam, despreocupadas (a não ser com a própria diversão), nesse grande jardim que a música pode nos proporcionar. Foi isso que o trio de Redman me ensinou.
12 comentários:
Salsa, estou curtindo muito o relato de suas peripécias turístico-jazzísticas(e o das de Lester também)enquanto ouço, por exemplo, o grupo do sax-barítono Bob Gordon, gravações de 1955 baixadas do e-music.
Não sei quando você volta, mas saiba que não vai haver reunião do Clube das Terças hoje. Dissidentes vão hoje à noite ao café literário do Hotel Majestic, onde Pedro Nunes mediará as arengas de Luiz Guilherme e do também sócio Francisco Grijó.
Quanto a Lester, deve ter recebido e-mail avisando.
Sabotagem!
São por essas e outras que votei contra a admissão de Mr. Grijó para sócio-locatário do Clube das Terças. Mal chegou já bagunça nossas reuniões.
E meu voto foi aberto!
Salsa, a única coisa q vc precisa aprender e q " há 27 anos atrás " é pleonasmo vicioso.Joshua Redman e o filho q todo pai gostaria de ter.Tendo ainda mais o pai q teve: o versátil saxofonista de vanguarda Dewey Redman , um dos poucos aliados de Ornette Coleman a ter uma sonoridade própria, não cansativa, não inclinado a reproduzir efeitos automotóres em seu sopro.Garoto prodigío das carteiras escolares, com bacharelado em História pela Universidade de Harvard, abandonou a bolsa de Direito em Yale ao vencer ,em 93, o prêmio Thelonius Monk de saxofone para se dedicar exclusivamente a música.Deixando na rabeira dois titãs do sopro como o "chapa" do Lester , Eric Alexander, e Chris Potter, terceiro colocado.È o sucessor do legado de Branford Marsalis, a dos grandes saxofonistas da última decada.Confirmada em minha opinião nas três apresentações suas q já assistí.E um sujeito de enorme simpátia e carisma, no breve contato q tivemos.Seu primeiro disco, meu predileto, e um primor de equilíbrio ao mesmo de maturidade para um estreante, a epóca com 23 anos.O seguinte,Wish, já vinha com uma constelação de estrelas como Billy Higgins,Charlie Haden e Pat Metheny como grupo de "apoio".Seu trabalho mais recente é uma especie de homenagem, a sua maneira e talento, ao maior saxofonista tenor de Jazz de todos os tempos, Sonny Rollins . Num trabalho de 57 , com Shelly Manne na bateria e Ray Brown no baixo escolheu temas mais "conservadores" da música country pra temperar com seu encorpado e espartano timbre essas melodias com swing.Talvez uma das primeiras ,senão a primeira, experiência em descontruir "standarts".Hoje uma febre epidêmica do jazz.Como saxofonista e presente ao evento, o Salsa teve a sutileza natural e artistíca em emitir sua opinião com sensibilidade.Destaco q pra mim não existe ruído mais abençoado q o das crianças do jardim da infãncia se divertindo num parque de manhã.E música dos deuses como a apresentação do Joshua ,nas palavras do Salsa, parece emitir.Edú
E foi logo após a apresentação do Joshua Redman - e ainda "hipnotizados" - que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o Luiz Salsa; no dia seguinte, durante o almoço no rest. "Bené da Flauta" conheci o André (Lester); foi um grande prazer conversar com os editores aqui do "jazzseen" que tem sido a fonte atual do meu aprendizado sobre o jazz.
Lester, chama a polícia q um alter ego seu de nome André se identificou como Editor-Chefe do Jazz Seen em Ouro Preto.Edú
Um vício socialmente aceito, pois não?
Hola John, te puedo recomendar los siguientes sitios:
http://www.theloniouschile.com/
http://www.miles.cl/
http://www.clubdejazz.cl/
http://www.elperseguidor.cl/
Esos son los sitios web de los mejores y más conocidos sitios para escuchar jazz en Santiago, ahí encontrarás más información sobre los músicos que se presentan y su ubicación. Además hace un tiempo, escribí en mi blog sobre algunos sitios, te invito a revisarlo:
http://simplementejazz.blogspot.com/2006/03/donde-cuando-y-como.html
Saludos y suerte en tu visita a nuestro país,
Alex Levine.-
vc sr salsa vendia artesanato na rua em ouro preto? era hippie?
vinicius
Caríssimo Luiz Romero, vem das ladeiras de Ouro Preto tua paixão por Tomás Antonio?
A paisagem bucólica, o aurea mediocritas, o carpe diem, a vidinha pacata? Tiradentes entregando Deus e o mundo na hora da morte, incluindo Pe. Toledo?
Andavas pelas ladeiras acompanhado de fantasmas árcades?
Caro Gril,
O que eu acho interessante em Tomás (xará do meu filho) é a capacidade de, em suas alegorias, falar apaixonadamente da paixão. Sob o cenário bucólico e a pretensa aurea mediocritas há um turbilhão de volúpia, vício e sexo selvagem. Ninguém imagina que aquele casario antigo, campos com riachos cristalinos e ovelhinhas saltitantes seria capaz de guardar tanta esbórnia.
queria ter visto o show...
vinicius
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