Os escavadores dizem que a África é o berço da civilização. Dizem também que por lá, no continente negro, ainda estão enterrados muitos segredos e mistérios da humanidade, entre eles diversos elementos de uma rica e milenar cultura musical, fruto de 5.000 anos de batucadas e cantos. Donald Byrd, um dos mais geniais trompetistas do hard bop, trocou o confortável espaço de instrumentista virtuoso, pelo estudo, pesquisa e ensino da música africana, bem como de sua influência no jazz. Ao contrário da maioria de seus colegas, Donald não se limitou a tocar magistralmente seu instrumento. Além de trompetista consagrado desde 1955, Donald é professor doutor renomado e pesquisador dedicado da cultura musical africana. Considerado uma autoridade nas técnicas e na história da música afro-americana, já lecionou em mais de cinco universidades, sempre promovendo o reconhecimento da arte negra, constantemente negligenciada nos EUA. Suas principais atividades docentes ocorrem na Howard University, em Washington, onde ensina história da música, composição e arranjo, além de dirigir a orquestra universitária de jazz, e na Brooklyn College, em New York, onde ensina história de música e incentiva a produção de jazz em comunidades carentes. Atua, ou já atuou, nas universidades de New York, Carolina do Norte e Rutgers, nesta última como compositor residente e regente da orquestra, além de zelar pela manutenção da incrível coleção Marshall Stearns, cujo acervo ultrapassa os 25.000 álbuns que delineiam o surgimento e a evolução do jazz. Apaixonado pelo ensino, seu ano letivo tem doze meses, já que, nas férias, realiza concorridos cursos de verão/inverno. Donald Byrd nasceu em Detroit, em 1932, numa família religiosa e musical – seu pai era pastor metodista e músico amador.
Com a morte de Clifford Brown, em 1956, Donald Byrd passa a ser considerado um dos melhores trompetistas do hard bop, embora já fosse, como dissemos acima, instrumentista consagrado desde 1955 em função de seus excelentes álbuns para a Savoy e para a Prestige, onde era o trompetista oficial. Ainda nessa década e até o fim da seguinte, grava abundantemente para a Blue Note, atuando como sideman e como líder. Dotado de técnica absoluta, velocidade e sentimento, seduzia seus ouvintes pela inteligência de seus improvisos, sempre nítidos e articulados, pela beleza de sua tonalidade, sem apelos fáceis aos agudos, bem como por seu fraseado isento de frases prontas ou previsíveis. Infelizmente, no final dos anos sessenta, influenciado pelo desserviço de Miles Davis, o arquiinimigo do jazz, Donald mergulha na fusion, reduzindo sensivelmente a qualidade de suas composições e performances, produzindo álbuns de grande apelo comercial, dos quais se destaca Black Byrds, o maior sucesso de vendas da Blue Note. Auxiliado pelos irmãos Larry e Fonce Mizell, conseguiu gravar álbuns de fusion ainda piores que os de Miles Davis, bastante insossos e quase sem resquícios de jazz. Esperamos que, ao menos, Donald tenha feito bastante dinheiro com esse tipo de trabalho que, de tão fútil, foi amplamente resgatado por figuras do rap e do acid jazz na década de 1980. Mas nem só de Blue Note viveu Byrd. Em 1960 gravou dois álbuns praticamente esquecidos para a Bethlehem, um dos quais me agrada bastante: Motor City Scene. O pessoal não poderia ser melhor: Pepper Adams (bs), Tommy Flanagan (p), Kenny Burrell (g), Paul Chambers (b) e um tal de “Hey” Lewis na bateria, que não é outro senão o mestre das baquetas Louis Hayes. Para os amigos navegantes deixo a faixa Philson. Boa audição!
Com a morte de Clifford Brown, em 1956, Donald Byrd passa a ser considerado um dos melhores trompetistas do hard bop, embora já fosse, como dissemos acima, instrumentista consagrado desde 1955 em função de seus excelentes álbuns para a Savoy e para a Prestige, onde era o trompetista oficial. Ainda nessa década e até o fim da seguinte, grava abundantemente para a Blue Note, atuando como sideman e como líder. Dotado de técnica absoluta, velocidade e sentimento, seduzia seus ouvintes pela inteligência de seus improvisos, sempre nítidos e articulados, pela beleza de sua tonalidade, sem apelos fáceis aos agudos, bem como por seu fraseado isento de frases prontas ou previsíveis. Infelizmente, no final dos anos sessenta, influenciado pelo desserviço de Miles Davis, o arquiinimigo do jazz, Donald mergulha na fusion, reduzindo sensivelmente a qualidade de suas composições e performances, produzindo álbuns de grande apelo comercial, dos quais se destaca Black Byrds, o maior sucesso de vendas da Blue Note. Auxiliado pelos irmãos Larry e Fonce Mizell, conseguiu gravar álbuns de fusion ainda piores que os de Miles Davis, bastante insossos e quase sem resquícios de jazz. Esperamos que, ao menos, Donald tenha feito bastante dinheiro com esse tipo de trabalho que, de tão fútil, foi amplamente resgatado por figuras do rap e do acid jazz na década de 1980. Mas nem só de Blue Note viveu Byrd. Em 1960 gravou dois álbuns praticamente esquecidos para a Bethlehem, um dos quais me agrada bastante: Motor City Scene. O pessoal não poderia ser melhor: Pepper Adams (bs), Tommy Flanagan (p), Kenny Burrell (g), Paul Chambers (b) e um tal de “Hey” Lewis na bateria, que não é outro senão o mestre das baquetas Louis Hayes. Para os amigos navegantes deixo a faixa Philson. Boa audição!
Donald Byrd - Phil... |
10 comentários:
Muito bom, Mr.Lester!Gosto muito desta formação, uma bateria discreta...Ótimo!!
FELIZ NATAL PARA O PESSOAL QUE FREQUENTA O JAZZSEEN E ÓTIMO ANO NOVO!
Byrd foi o segundo a freqüentar o jazzigo. Excelente.
delicia
africa, miseravona
Pepper quase toma conta do show, não é? Feliz natal Lester!
Um timaço, de primeira mesmo.
Ouço agora, neste instante em que escrevo, e muito movido pela postagem, o fabuloso "Out of This World - The Complete Warwick Sessions", com o dito cujo e Pepper Adams + Hancock, Jimmy Cobb e o excelente baixista Laymon Jackson.
Byrd House, que abre o disco, é sensacional.
Ótimo Natal a todos!
Mais um ótimo "post" do Lester; eu tb não gosto muito do M.Davis - não tão radicalmente - depois que ele entrou naquela fase "fusion".
Gostei muito desta faixa, com um time de primeira.
Mais uma vez, BOAS FESTAS a todos os amantes do jazz.
JL, acabei de saber:o saxofonista alto Frank Morgan morreu, aos 73 anos, no dia 14 de dezembro.Tem assunto pra post até os últimos dias desse ano.Descanse em paz.Edú
A propósito, o titulo do trabalho de Byrd e uma menção a sua cidade natal e a dos companheiros Kenny Burrel e Tommy Flanagan, Detroit,berço da industria automotiva mundial.Um dos melhores festivais de jazz dos EUA, realizado na cidade, é o Ford Jazz Festival.E um dos ídolos do CEO do Jazzseen , também nascido lá,é o multi-saxofonista James Carter.Junto com Nova Iorque,Chicago,Nova Orleans é um dos ambientes mais vibrantes do jazz dentro dos EUA.Edú
Está me parecendo que o sr. Lester conseguiu finalmente encontrar a verdadeira identidade do jazz. Muito bom o albúm em questão. Existem vários outros; esperamos que você prossiga dentro desta linha. Boas Festas!
Postar um comentário