E quem nunca passou uma lua-de-mel em New York ou Paris? Não? E em Parati ou Visconde de Mauá? Fale sério! Então case novamente e mãos à obra! Enquanto a bolha não sai voando nem estoura, recomendo uma lua-de-mel logo ali, em Visconde de Mauá e, se a carteira suportar, numa das suítes da Pousada Terra da Luz, logo na entrada da cidade. Além da aconchegante lareira próxima à cama, o deck da hidromassagem suporta bem a garrafa de tinto e duas taças. Em derredor, uma infinidade de plantas, milhares de insetos perigosíssimos e carradas de pássaros que, se por um lado não nos perseguem como no filme Alta Ansiedade, por outro espatifam-se nas generosas vidraças que compõem as instalações da pousada. Mesmo já tendo protestado junto ao proprietário, os acidentes continuam ocorrendo e é triste ver aqueles pássaros todos mortos ao redor da sala do café da manhã de manhã. Portanto, acorde tarde, quando já foram recolhidos num carrinho de mão por um dos atenciosos funcionários da casa. E corra porque nos dias 13 e 14 de fevereiro quem estará se apresentando por lá é Ricardo Silveira, um dos nossos melhores guitarristas.
Segue breve histórico do músico, retirado de seu site: Ricardo Silveira é um músico brasileiro com carreira internacional. Nascido no Rio de Janeiro, sempre soube apreciar boa música e transita com facilidade pelos diversos idiomas musicais. Ainda adolescente, gostava de ouvir desde rock (Beatles, Rolling Stones, Jimmy Hendrix, Led Zeppelin, Cream) e blues (BB King, John Mayal) a música brasileira (João Gilberto, Chico Buarque, Mutantes, Novos Baianos, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Tom Jobim, Baden Powell). Logo cedo, descobriu também o jazz: Dave Brubeck, Miles Davis, Oscar Peterson, Joe Pass, George Benson, Wes Montgomery. Ainda adolescente, Ricardo se interessou pela guitarra e pelo violão. Costumava tirar as melodias das músicas que ouvia, primeiro só numa corda e depois tentando descobrir os acordes, tendo descoberto mais tarde ser este um ótimo exercício para o ouvido e para conhecer o braço do instrumento. Tocando com amigos e em alguns festivais de colégio, decidiu que queria ser músico profissional. Teve aulas de violão clássico e teoria musical e passou no vestibular para a Escola Nacional de Música, porém não havia a cadeira de violão ou guitarra nas universidades do Rio. Nessa época, assistiu a um show de Victor Assis Brasil, que tinha estudado na Berklee College of Music, em Boston, assim como o Márcio Montarroyos, que também tocou nesse mesmo show e o incentivou a fazer na Berklee um curso de dois meses.
Após o curso, conseguiu uma bolsa e continuou a estudar em Boston. Após um ano, voltou ao Brasil, onde ficou por dois meses participando de shows com Márcio Montarroyos. De volta a Boston, por recomendação do guitarrista Bill Frisell, começou a trabalhar com uma banda de salsa, um de seus primeiros trabalhos profissionais nos EUA. Estrelas Latinas, como se chamava o grupo, era comandada por Fox, um violinista cubano, acompanhado por músicos de Santo Domingo, EUA, Porto Rico e Brasil. Nos finais de semana, Ricardo deixava Boston a caminho de Nova York, onde tocava com o grupo brasileiro Astra Carnaval. Recomendado pelo trompetista Cláudio Roditi, Silveira foi convidado para integrar o grupo do flautista Herbie Mann, com quem excursionou por dois anos pelos Estados Unidos. Nessa época, já morando em Nova York, começou também a trabalhar em estúdio com grandes músicos como Steve Gadd, Richard Tee, Marcus Miller, Michael Brecker, Jason Miles, Naná Vasconcelos, L. Shankar. Apesar dos quatro anos trabalhando fora de seu país, Ricardo manteve o contato com a música brasileira. Aliás, grande parte dos convites para tocar no exterior surgiu por ele ser um músico brasileiro. De volta, por recomendação do produtor e músico Liminha, que havia conhecido nos Estados Unidos, Ricardo foi convidado por Elis Regina para participar da turnê pelo Brasil do disco “Essa Mulher”. Foi no mesmo período que começou a surgir, além de shows, participações em gravações, desde jingles a discos dos mais diversos artistas. Após a turnê com Elis Regina, Ricardo começou a tocar com outros grandes nomes da MPB como Hermeto Paschoal, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Milton Nascimento, João Bosco, Ivan Lins, Nana Caymmi e Ney Matogrosso para quem também fez arranjos e direção musical. Entre a participação nas gravações e nos shows dos grandes nomes da música brasileira, Ricardo começava a desenvolver seus projetos solos. Seu primeiro disco foi Bom de tocar (Polygram), lançado em 1984. A música fez tanto sucesso, que acabou virando vinheta da Rádio Globo FM, ficando no ar por 10 anos, e eternizando seus solos de guitarra na música que deu nome ao disco.
Por conta da repercussão, o guitarrista foi convidado para tocar no primeiro Free Jazz Festival, em 1985. Para o show, convidou os talentosos amigos: o baixista Nico Assumpção, o pianista Luiz Avellar, o baterista Carlos Bala e o saxofonista Nova Yorquino Steve Slagle. O resultado no palco foi tão bom que o quarteto acabou gravando um disco, o High Life, lançado em 1986 pelo selo Elektra Musician. O segundo trabalho solo data de 1987 e teve o mesmo selo. O disco tinha como título o nome do próprio guitarrista. Nos Estados Unidos, este trabalho ganhou o nome de Long Distance, pelo selo da Verve Forecast, que além deste lançou Sky Light, Amazon Secrets e Small World. Todos estiveram entre os cinco mais executados nas rádios de jazz americana, sendo que Sky Light e Amazon Secrets chegaram ao primeiro lugar. Nos Estados Unidos, além de excursionar com Herbie Mann tocou com nomes como Sérgio Mendes, Don Grusin, Dave Grusin, Oscar Castro Neves, Dori Caymmy, Nathan East, Vanessa Williams, El Debarge, Diana Ross, Brenda Russel, Justo Almario, Toots Tiellemans, Baby Face, John Pisano, Kevin Lethau, Ronnie Foster, Harvey Mason, Paty Austin, David Sanborn, Pat Metheny, Phil Perry, Earnie Watts, Gregg Karukas e Abe Laboriel. Com Matt Bianco, Silveira esteve duas vezes na Europa e no Japão, sendo que fez mais oito viagens para este último país em concertos de Sadao Watanabe e Dom Grusin. Com um outro selo - Kokopelli, de Herbie Mann - foi gravado seu sexto CD, o Storyteller, em 1995, que também esteve entre as cinco mais tocadas. Em 2001, o CD Noite Clara saiu no Brasil pela MP,B e em 2003 nos EUA pela Adventure Music. Este trabalho foi indicado ao Grammy Latino 2004 na categoria melhor CD Instrumental. No mesmo ano da indicação, Ricardo Silveira em parceria com Luiz Avellar, ambos com experiências em turnês ao lado de Milton Nascimento, gravam ao vivo – violão e piano – o CD Milton Nascimento ao Vivo pelo selo brasileiro da Universal e pelo americano Adventure Music. No dia 10 de julho de 2007 foi lançado nos EUA Outro Rio, seu décimo trabalho, e em fevereiro de 2008 no Brasil, repetindo a dobradinha dos selos Adventure Music e MPB.
Para os amigos fica a faixa There Is No Greater Love , retirada do álbum Toots & Sivuca, gravado no Chiko's Bar em 1986, com a participação de Ricardo. O Chiko's talvez tenha sido um dos melhores bares de música da Lagoa na década de 1980. Hoje está política e corretamente instalado na Barra da Tijuca, onde a dose do doze anos custa doze reais. Mas se, no final, nada der certo, vá para o mardi gras em New Orleans.
Para os amigos fica a faixa There Is No Greater Love , retirada do álbum Toots & Sivuca, gravado no Chiko's Bar em 1986, com a participação de Ricardo. O Chiko's talvez tenha sido um dos melhores bares de música da Lagoa na década de 1980. Hoje está política e corretamente instalado na Barra da Tijuca, onde a dose do doze anos custa doze reais. Mas se, no final, nada der certo, vá para o mardi gras em New Orleans.
7 comentários:
inseto é nocivo
Caro Thiago, naturalmente q inseto é nocivo.Não queira sentir os efeitos da malária.Nosso considerado amigo,o baterista André Tandeta,pertence ao trio fixo do Ricardo Silveira ao lado do grande contrabaixista Jorge Helder.Esse disco do Sivuca e do Toots é excelente.
Contrairei núpcias só para conhecer Visconde de Mauá!
Entre New York, Parati, Paris, Visconde de Maua e New Orleans,fico com todos! Lugares adoraveis, cada qual com suas caracteristicas, seus encantos,suas delicias...Todos maravilhosos, para lua de mel ou nao, em qualquer tempo, saudade de todos!
Mr.Lester,
fiquei muito contente de ver esse post ,escrito com a maestria habitual,sobre o Ricardo.Conheço ele ha 30 anos e ha 5 integro seu trio,o que pra mim é um privilegio e motivo de orgulho .
Tenho ilimitada admiração por esse grande musico com quem sempre aprendo muito .
Ele esta finalizando um disco que começou a ser gravado em 2008 e creio que sera lançado esse ano. Com certeza o Jazzseen fara uma resenha sobre esse disco.
Com o proprio Ricardo toquei ano passado no "Terra da Luz" e gostei muito ,a comida é maravilhosa.
Edú,um esclarecimento:
Romulo gomes é o baixista do trio regular de Ricardo.Jorge Helder,amigo e companheiro de tantos anos, tocou algumas vezes com o trio substituindo,com o brilho habitual, ao Romulo.
Abraço
Caro André,
Obrigado pela retificação.Em novembro do ano passado – salvo engano – o trio esteve em São Paulo se apresentando no Teatro da Caixa com muito sucesso.Para meu absoluto azar perdi a chance de ver esse trio de craques.Ricardo foi junto com Leandro Braga diretor musical do melhor grupo q acompanhava um artista q vi na vida em nosso pais tropical.O time era Bruce Henry(b ac),Marcio Montarroyos( tromp),Zé Nogueira (saxes),Leandro (piano),Ricardo(guitarra) e o magnífico Wilson das Neves (bateria).E retiravam com justiça olhares do público dos requebros do patrão ,Ney Matogrosso , para dar atenção ao seu auxilio luxuoso.Ricardo apresentou o programa Estúdio 66 no canal Brasil (66 da Net – para mim).Heróica tentativa de colocar musica instrumental de qualidade no horário nobre.Mesmo numa emissora a cabo.
Prezados amigos, conheci Visconde de Mauá faz 25 anos, época em que o acesso era bastante sacolejante, visto não haver nada de asfalto entre Penedo e a cidade dos gnomos. Por essas artimanhas do destino, fiz algumas amizades que ainda hoje persistem, como a com o artista plástico e contrabaixista Roberto Granja, cujos quadros pendem serenos até hoje em minhas orgulhosas paredes.
Visconde de Mauá é um lugarejo muito especial, onde o verde é múltiplo, a comida boa e acolhedora, o café de fazenda e desde sempre houve essa mania de seus habitantes em levar jazz serra acima, e os resultados estão bem aí, como na Terra da Luz.
Fico feliz em saber que André Tandeta é próximo ao Ricardo, um músico que, tenho certeza, merece o sucesso que tem obtido e nossa admiração e respeito.
Grande abraço, JL.
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