11/03/2009

Wash Day

É realmente insuportável esse confete açucarado que alguns membros do Jazzseen ficam jogando para as mulheres que tentam fazer jazz. Já disse antes e volto a afirmar: mulheres não sabem fazer jazz. E estou falando do verdadeiro jazz, não de sambinha, bossa nova, baladas adocicadas ou música de cabaré. Ok, alguns podem dizer que existem excelentes cantoras de blues, mas blues não é jazz e música cantada, para mim, não faz a menor diferença para a história do jazz. Até o scat inventado por Louis Armstrong na década de 1920 eu dispenso: importantes foram suas inovações realizadas através do trompete. E tem mais: nem mesmo no cool jazz, o estilo mais suave do jazz, as mulheres produziram alguma coisa relevante ou digna de nota. Se devemos o cool jazz a alguém, esse alguém seria Lennie Tristano e, talvez, o bicão Miles Davis. Se jogarmos fora tudo que as mulheres produziram desde 1900 até hoje, a história do jazz prosseguiria impassivelmente a mesma, sem qualquer perda deformante. Tivemos uma sólida estrada aberta e pavimentada por Buddy Bolden, King Oliver, Louis Armstrong, Jelly Roll Morton, Sidney Bechet, Kid Ory, Bix Beiderbecke, Jack Teagarden, Lester Young, Count Basie, Duke Ellington, Coleman Hawkins, Roy Eldridge, Woody Herman, Benny Goodman, Stan Getz, Zoot Sims, Dexter Gordon, Art Tatum, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Sonny Clarke, Charles Mingus, Eric Dolphy, Thelonious Monk, Sonny Rollins, Clifford Brown, John Coltrane e mais alguma dúzia de homens que, estes sim, caso ausentes, deformariam alguns capítulos da história do jazz. E você, isso, você mesmo que está torcendo o nariz para mim, diga qual mulher seria capaz de realizar um solo de trompete como Louis Armstrong ou Dizzy Gillespie, ou tocar um solo de sax tenor de 16 minutos como o de Paul Gonsalves no Festival de Newport de 1956, ou arrebentar uma bateria durante 42 minutos como Max Roach no JVC Jazz Festival, ou tocar saxofone durante duas horas como John Coltrane no Japão? Por tudo isso, em função dos fatos cristalinos de que dispomos, sou totalmente contrário a esta rasgação de seda que vem acometendo o Jazzseen desde sua fundação. Como se não bastasse, há mais de seis meses não recebo minhas horas extras como Editor Adjunto deste blog, o que advoga em favor de minha libérrima expressão neste espaço virtual dedicado ao jazz e não ao já cansativo movimento feminista. Para os que entendem do assunto, deixo a faixa de jazz Opus Ocean retirada do álbum The New York Sessions, de Tubby Hayes e Clark Terry. Quem não conhece Clark Terry levante a mão. Já Tubby Hayes era um sujeito homem nascido na Inglaterra – nem tudo é perfeito – em 30 de janeiro de 1935. Saxofonista virtuoso, Hayes impôs respeito ao sax tenor inglês numa época em que Sonny Rollins, Stan Getz e John Coltrane cuidavam do imenso campo cultivado por Coleman Hawkins e Lester Young, o que, convenhamos, não era pouca coisa. Nascido numa família de músicos, desde cedo aprende o violino – argh! – passando para o sax na primeira adolescência e tornando-se profissional aos 15 anos. Genial improvisador, seus solos são repletos de energia e motivação contagiantes, como uma espécie de Zoot Sims em rotação aumentada e movido com pilha alcalina Duracell. Após amadurecer nas bandas de Kenny Baker, Vic Lewis, Jack Parnell e outras, Hayes mergulha no hard bop, ora como líder, ora associando-se a importantes instrumentistas ingleses – como Ronnie Scott, com quem formou o Jazz Couriers. Sua competência, já consolidada e reconhecida, permitiu que trabalhasse com alguns dos melhores músicos de jazz de sua época – entre eles Dizzy Reece, Dave Brubeck, Roland Kirk, Victor Feldman e Charles Mingus. Além de dominar como poucos o sax tenor, Hayes também se aventurou com o vibrafone, a flauta e outros saxofones, sem esquecer que fazia arranjos e compunha – como na trilha sonora do filme All Night Long. Os 38 anos de vida desregrada e a terrível torta de rin inglesa fulminaram a saúde de Hayes que, em sua segunda cirurgia cardíaca, não se levantou mais da mesa de operações. Um dia de grande vazio para o jazz. Na faixa, com Tubby Hayes, estão Clark Terry (t), Horace Parlan (p), George Duvivier (b) e Dave Bailey (d).

30 comentários:

Anônimo disse...

A título de informação aos visitantes do blog , pedindo licença ao Fred, informo a morte do trompetista Ian Carr q em 1969 formou o grupo Nucleus – temas de resenha no Jazzseen, Nucleus e Carr, de nome : Fusion ?Só na recíproca - postada em 11/11/07 escrita por John Lester.Um dos pioneiros na fusão jazz-rock, com discos que sobrevivem , ainda hoje, artisticamente, Carr morreu em 25 de fevereiro, aos 75 anos.Noticia q tomei conhecimento apenas hoje.Carr não restringiu sua vida apenas à atividade de músico .Foi também um dedicado pesquisador, escritor é autor de ótimas biografias de Miles Davis e de Keith Jarret aos interessados na boa literatura do jazz.Descanse em paz.

Rogério Coimbra disse...

Esse Fred tinha q ser parente do Lester: implicante com as mulheres.
Mas valeu o sonzasso do Hayes.

Anônimo disse...

Concordo com sr.Bravante, em parte, pois ele mecionou homens do jazz que tocam sax, bateria, trumpete, etc... mas, gostaria de ressaltar a forte presença de duas mulheres que realmente tocaram e tocam jazz: Mary Lou Williams e Marian Mcpartland (poderia citar outras), pianistas de "mão cheia". O x da questão é que mr.Lester fica preocupado em apresentar mulheres que tocam jazz (tocam jazz???) de origem chinesa, japonesa, holandesa e sei lá mais que diabo de nacionalidade tenham, só porque são bonitinhas. Uma porcariada só. Quanto ao album The New York Sessions, destaco a sonoridade marcante do tenorista ingles Tubby Hayes. Ótimo! Tenho esse disco e não foi roubado de mr.Lester.

Anônimo disse...

Chi!!!! Sai de baixo...

Faixa otima!

Frederico Bravante disse...

Olha aqui Sr. Coimbra, não é porque você tem uma foto ao lado de Art Blakey, autografada e tudo, que você pode vir fazendo afirmações absurdas: eu não tenho implicância com as mulheres! Elas é que têm implicância comigo.

E Sr. João, que história de "pianista de mão cheia" é essa? Só se for pianista de mão cheia de dedos. Mary Lou foi excelente professora, ok. E McPartland, quando não estava batendo papo nas rádios, carregava a corneta de Jimmy, seu marido.

Ou vocês trocariam Mary Lou e McPartland por, digamos, Wynton Kelly e Bud Powell.

Para onde esse mundo vai?

Vagner Pitta disse...

Caraca, velho! Um blog com escritas e comentários tão refinados e um tópido cheio de preconceitos como este...que incoerência!!!

"Já disse antes e volto a afirmar: mulheres não sabem fazer jazz. E estou falando do verdadeiro jazz, não de sambinha, bossa nova, baladas adocicadas ou música de cabaré."

Verdadeiro Jazz? Desde os primórdios existem umas 'trocentas' formas de jazz: Qual é o verdadeiro Jazz pra voce? Meu colega Frederico, não queria rebatê-lo neste ton ou nesta forma, mas se não sabes, em 1920 já havia grandes mulheres fazendo jazz com tanta intensidade quantos os homens: Lil Hardin, foi uma das primeiras e grandes pianistas, arranjadoras, bandleaders e compositoras do jazz e foi veneradíssima por mestres como Fletcher Henderson e Jelly Roll Morton, tendo composições que foram interpretadas até por Ray Charles; Também, desde os anos 20, Mary Lou Willians já abalava o mundo do jazz: Mary Lou Willians foi uma das maiores compositoras e pianistas da história do jazz, chegando a compor para Benny Goodman, Duke Ellington e Dizzy Gillespie, e chegou a influenciar na forma de tocar de Thelonious Monk, pois ela foi uma grande inovadora do stride. E o que vc tem contra sambas, baladas ou bossas?




Até o scat inventado por Louis Armstrong na década de 1920 eu dispenso: importantes foram suas inovações realizadas através do trompete.

Aff, preciso comentar? Dispensar uma grande inovação da improvisação vocal, só mostra que vc tem a mente mais fechada ainda. Louis Armstrong atingiu maior fama justamente quando passou cantar de forma única usando o scat, chegando a influenciar todos os cantores e cantoras de jazz que vieram após ele. E me diga, se sabes tanto, quais foram as inovações que Louis Armstrong criou através do seu trompete?


E você, isso, você mesmo que está torcendo o nariz para mim, diga qual mulher seria capaz de realizar um solo de trompete como Louis Armstrong ou Dizzy Gillespie, ou tocar um solo de sax tenor de 16 minutos como o de Paul Gonsalves no Festival de Newport de 1956, ou arrebentar uma bateria durante 42 minutos como Max Roach no JVC Jazz Festival, ou tocar saxofone durante duas horas como John Coltrane no Japão?,

kkkk...essa é sua forma de medir a relevância das mulheres no jazz: o quanto de tempo elas conseguem improvisar em cima do palco???
Meu querido, cai na real: se não sabes, uma das maiores inovadoras do jazz dos anos 60 foi uma mulher que se chama Carla Bley. E atualmente temos um monte de mulheres que solam feito homens cheios de fôlego: a violinista Regina Carter, a inovadora saxsopranista Jane Ira Bloom, a interessante trompetista Ingrid Jensen (que foi a principal trompetista da Maria Schneider Orchestra, passando para trás grandes trompetistas masculinos), a pianista Renee Rosnes, a saxofonista Matana Roberts, a baterista Terri Lyne Carrington, a clarinetista Anat Cohen, dentre tantas outras.



Se jogarmos fora tudo que as mulheres produziram desde 1900 até hoje, a história do jazz prosseguiria impassivelmente a mesma, sem qualquer perda deformante.

Se jogarmos fora seu comentário raso e preconceituso, não será nenhuma perda, muito pelo contrário: será um ganho para este blog, onde estou acostumado ler boas dicas de jazz. Eu mesmo não consigo imaginar o jazz sessentista e setentista sem a pianista e bandleader Carla Bley. E fico imaginano como seria o jazz contemporâneo sem a sua principal bandleader Maria Schneider, a sua principal violinista Regina Carter, sem a pianista de vanguarda Marylin Crispell, sem a inovadora saxofonista Jane Ira Bloom...e outras. Então, Frederico, reveja seus conceitos sobre as mulheres no jazz, pois estamos num tempo onde elas estão fazendo muita diferênça, sim senhor!!!


"Nascido numa família de músicos, desde cedo aprende o violino – argh!

"Argh!"? Tens algo contra ao violino também? Se tiver ouça Stuff Smith, Stephane Grappelli, Regina Carter e Mark Feldman.


AAf estou pasmo!!!

Sandra Leite disse...

é!

Anônimo disse...

Não güento mais misoginia.
Clovis Bornay começou assim...

Unknown disse...

Pela primeira vez visitei o blog (por gostar de música) e tomei um susto. Fazia tempo que não via uma declaração abertamente machista como o último post.

É bom, pois faz a gente perceber que apesar do feminismo, apesar das lutas e de um discurso que começa a mudar ainda existem homens que pensam assim, sem refletir minimamente que, assim como TODOS OS MEIOS, o musical (infelizmente) reproduz a desigualdade dos gêneros.

Obrigada por me estimular a continuar lutando contra o machismo!!

Abraços!

figbatera disse...

É, eu tb fiquei um tanto decepcionado com o Bravante. Menos, camarada!

figbatera disse...

Pensando bem, acho que, no fundo, isso foi só uma "provocação".

Vivam as mulheres! (jazzistas ou não)

Sergio disse...

Não!, ctrl c, ctrl v na Luana Sorio:

"Não güento mais misoginia.
Clovis Bornay começou assim".

Para o Humor com H de mulher não tem nhenhenhem.

E encerraria a contenda o radialista: Fim de papo Kleber e Loureiro!

John Lester disse...

Prezados amigos e AMIGAS, infelizmente nosso blog foi criado e continua totalmente submetido à democracia ampla, geral e irrestrita. Talvez daí a grande confusão.

Mr. Bravante, espamhol especialista em castanholas e toureiro nas horas vagas, nutre uma paixão sincera pelo jazz, motivo suficiente para constar entre os fundadores do Jazzseen.

Ocorre que, com seu puro sangue ibérico, sempre expõe suas opiniões de forma veemente e rotunda, ocasionando, por vezes, severas divergências nas páginas deste blog.

Como Editor Chefe do Jazzseen prefiro manter isenção em relação às opiniões de Mr. Bravante e dos visitantes. Creio que, no limite, todas têm pontos positivos e negativos, e nos fazem pensar sobre a História da Humanidade.

E um abraço especial para Vagner Pitta e seu extenso e rico comentário.

Grande abraço, JL.

Frederico Bravante disse...

Queridas visitantes, não sou misógino como supuseram. Adoro o gênero feminino e acredito que sua forma de pensar, refletir e raciocinar é tão válida quanto a dos homens, mas também creio que homens e mulheres pensam, refletem e raciocinam de formas distintas. Não há nenhum gênero melhor que o outro, somos apenas diferentes no estar e no observar o mundo.

Fora isso, há limitações fisiológicas que não permitem a uma mulher correr tão velozmente quanto um homem, nem levantar tanto peso quanto um homem, nem soprar um sax tenor como um Coleman Hawkins. Isso é fato, não é preconceito.

Quanto às mulheres no jazz, são como os anões nos times de basquete. É claro que, lá uma vez ou outra, um anão poderá executar uma cesta, mas convenhamos.

Isso tudo me faz lembrar do tema "cotas" nas universidades com base na cor, distinção vedada pela nossa Constituição e que aniquila o ingresso na universidade com base no mérito, critério ideal em minha opinião. Não acredito que devemos rasgar a Lei Maior e nem devemos cegar o bom senso em nome de uma justa compensação histórica. Universidade não serve para reparação, serve para produzir conhecimento.

Mas, sei que as massas adoram utopias vãs, vazias e improdutivas. E, além disso, rendem muitos votos para uma re-eleição.

O Jazz é para homem, assim como o parto é para mulher.

E eu sei que há homens que adorariam da a luz, mas é preciso respeitar a natureza intrínseca de cada gênero.

Fred.

Anônimo disse...

A presença masculina no Jazz é maciça. Incontestavelmente.

Mr. Bravante me parece que quis fazer uma provocaçãozinha e reproduzir o fato que realmente a produção feminina para a historia do jazz foi muito reduzida.
Não quis dizer que são completamente inaptas ou impossibilitadas a praticar o oficio mas que existem diferenças inevitaveis entre ambos.

O discurso da igualdade do sexos gerou um mito de que ambos tem exatamente as mesma habilidades para todas as inumeras atividades que sao feitas no planeta. Seria forçar a barra demais supor isso.

blog disse...

JL, mudando o rumo e falando de um cara que - este, sim! - gostava de mulher: Charlie Parker morreu num dia 12 de março, há 54 anos.

Abraço.

Grijó

ReAl disse...

Frederico chutou o balde. É misoginia a toda prova.
Tem aquela piada sobre a igualdade: a mulher só será igual ao homem quando ficar barriguda, careca e banguela e continuar se achando gostosa

Frederico Bravante disse...

Amigos, tanto os amigos ingênuos quanto os amigos hipócritas: no dia em nós todos, homens e mulheres, formos iguais, prefiro estar sob sete palmos de areia.

E, pela direção e velocidade, isso não demora.

Fred.

Anônimo disse...

Inacreditável!

Sergio disse...

Independente do papinho sexo dos anjos, o disco sugerido é bom à Vera.

Salsa disse...

Pô, Fred, isso é que é maldição. Mas, independentemente disso, o Sérgio tá com razão: o disco é muito bom.

Roque disse...

Só deixo um nomen: Alice McLeod

E só deixo um disco: "Ptah, The el Daoud"

Anônimo disse...

Concordo com o Fred, as mulheres deveriam escrever, se candidatar à presidência da República, fazer engenharia ambiental, sei lá, demosntrar sua capacidade intelectual em outras coisas. Trompete é pra bicho macho. Além disso que mulher aceitaria ficar com os lábios todos deformados em nome do jazz? Fala sério!

Sergio disse...

Atenção, atenção, atenção, que boa maneira de mudar de assunto: um discipulo de Diderot entrou na sala.

Jacques o fatalista está, sem vacilação, entre os 10 melhores livros que já li. E no quesito humor, o mais... (perdoem, por favor, senhoras, mas aproveitando o encejo misógino)... o mais esporrante de todos, pra sempre!

Invejo quem ainda não leu, pq tem a chance. E é um livrinho ao gosto de Mr Lester, fino e com letras grandes. Imperdível.

John Lester disse...

Prezado Sérgio, obrigado pela dica do datiloscrito.

Grande abraço, JL.

Paula Nadler disse...

Jazzseen, um blog imponderável.

Prof. Israel Lima disse...

Eu é quem agradece, meu amigo, John Lester,

Obrigado também por sua visita e comentário em meu blog:

"Pelo Corredor da Escola"
http://pelocorredordaescola.blogspot.com

Grande abraço,

Israel Lima

Anônimo disse...

argh.......
não consegui ler até o fim.......
hello!!!!!

Anônimo disse...

argh.......
não consegui ler até o fim.......
hello!!!!!

John Lester disse...

Ao menos dessa vez o amigo Fred parece lidar melhor com touros do que com meninas.

Melhor sorte na próxima velho toureiro!

JL.