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Na década de 1970, quem não era perseguido pela ditadura podia andar tranquilamente pelas ruas brasileiras, não havia assaltos violentos, nem balas perdidas ou milícias. De segunda a sábado a Traditional Jazz Band podia ser ouvida no OPUS 2004, na Rua da Consolação, número 2004. O local não existe mais e o que restaram foram apenas fotos e sorrisos antigos. Além da boa música, a banda sempre primou pela boa apresentação, sendo marcante o estilo de seus uniformes. Entre as muitas atividades programadas por vovô Acácio para a banda, uma delas causava-lhe desusado prazer, qual seja, a participação da banda em trilhas sonoras para o cinema, como foi o caso de Eros e Amor Estranho Amor, filmes de Walter Hugo Khouri realizados em 1981 e 1982, com destaque para o tema Eros Blues. Em 1989, com 25 anos de estrada, a TJB é considerada o melhor conjunto instrumental de jazz do ano, recebendo do Museu do Ingá, no Rio de Janeiro, o prêmio Victor Assis Brasil. Seguindo a linha dos musicais da Broadway, a TJB inicia a década de 1990 com o show Mr. Jazz, contando com a partcipação de bailarinos e cantores, além da presença de Miele no papel de Mr. Jazz. Em 1993, a TJB resolve partir pra cima e implantar o Show Train: o septeto, que já havia se apresentado em circos, igrejas e aviões, resolve instalar-se num vagão-palco, percorrendo mais de 16 estações ferroviárias do Estado de São Paulo, levando ao público música e alegria gratuitamente. Muita gente, que nunca tinha ouvido falar em jazz, virou fã.
Em 1994, para comemorar seus 30 anos de existência, a TJB encomendou um bolo com 2,3 metros de altura, do qual saíram 15 sapateadores durante o show realizado no Teatro Cultura Artística, em São Paulo. Dez anos depois, já considerada uma das mais importantes bandas de jazz da América Latina, a TJB comemora seus 40 anos com diversos eventos, entre eles o lançamento de um documentário sobre a banda e uma noite de autógrafos na Livraria Cultura, no Shopping Villa-Lobos. E aqui estamos, comentava vovô Acácio, repimpado em sua velha poltrona de couro, mascando seu Hoyo de Monterrey Epicure nº2. Eu por mim não acreditava em sua tranquilidade: ninguém sabe que ele, vovô Acácio, foi o verdadeiro idealizador da TJB, nem mesmo os próprios integrantes da banda têm conhecimento disso. Mas, segundo vovô, o que importa é que ela está aí, fazendo jazz.
No site da TJB você encontra muitas informações sobre seus integrantes, agenda e álbuns. Vale apena conferir. Para os amigos deixo uma das 3 seleções preparadas pela Rádio USP FM no programa dedicado aos seus 45 anos. As demais seleções podem ser ouvidas aqui. Beijos!
9 comentários:
Querida Paula, quantas saudades de vovô! Um homem realmente raro.
Obrigado por mais uma saborosa resenha.
Grande abraço, JL.
Paulinha, obrigado pelas dicas. Já ouvi o programa na íntegra. Um beijo pra você.
Já possui um disco do grupo. Dixieland é um som bastante divertido.
gravata nociva
delicia...
A TJB é maravilhosa.
Resenhada de forma tão simpática pela Paula fica melhor ainda (que revela os até aqui inescrutáveis segredos da orquestra paulistana).
E já me sinto um pouco neto do Vovô Acácio - tivesse ele permanecido por lá e a gloriosa ilha teria hoje outra cara!!!!
Parabéns à TJB e a você, Paula, por mais uma deliciosa resenha.
O grupo de jazz mais simpático do Brasil, nem sempre, porém, o mais afinado.Nosso mestre Apóstolo foi o apresentador do projeto "Vamos ao Jazz" promovido pela TJB em vários locais da cidade de São Paulo, entre eles o auditório do Hospital São Luiz no final da Av.Paulista.Semanalmente "enquadravam" a evolução do jazz do primórdios até os primeiros 45 anos de forma didática e bastante charmosa.Dedicação explicita de apaixonados pelo estilo mesmo sobrevivendo financeiramente de outras atividades profissionais e comerciais.Foi uma das raras oportunidades em q frequentei um centro hospitalar despido de absoluta contrariedade.Até mesmos os pacientes nos quartos conseguiam assistir as apresentações pelo sistema interno de comunicação do hospital.Não me surpreenderia em saber q o jazz logrou algumas curas,obtendo completo efeito terapêutico
Bela madrugada, chuvosa e fria...
Prezada PAULA NADER:
Parabéns pela resenha, em que o belo virtual supera em emoção e idade, a realidade ainda assim bonita da trajetória desses "meninos" que completaram 45 anos agora em 2009.
No Brasil, JAZZ, tradicional, 22 discos, apresentações contínuas, terra, mar e ar: como foi possível ???
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