Sempre que me telefonam, não tenho caneta. Quando tenho caneta, não tenho papel. E, quando tenho caneta e papel, ninguém me telefona. A vida é assim, basta entrarmos no banho ou na banheira para o telefone, essa maldita invenção, começar a tocar. Dessa vez era Roberto Scardua, sempre apressado, atropelando a voz e tendo que repetir tudo vagarosamente para eu entender. Como? Enrico Caruso? Enrico Caruso tocando ragtime? Não, Lester, não é Enrico Caruso. É Enrico Pieranunzi! Enrico Pieranunzi e seu álbum The Chant of Time! Ah, bem. E o que tem ele, Roberto? Já ouviu esse pianista, Lester? O cara é bom demais. Nesse álbum, gravado em 1997 para a Alfa Jazz, ele está sabe com quem? Com Marc Johnson (b) e Joey Baron (d). E o mais curioso, Lester, é que este pianista não consta em nenhum guia impresso, nem mesmo na última edição do All Music Guide! E, colocando o telefone junto à sua caixa B&W, Roberto fez com que eu ouvisse a interpretação que Enrico deu à faixa Jitterbug Waltz, de Fats Waller . De fato, Roberto, é lamentável este tipo de situação, mas preciso alertá-lo sobre o fato de que há um verbete sobre Enrico na excelente Virgin Encyclopedia of Jazz. Enrico, sem dúvida, é um dos mais inspirados pianistas do Post-Bebop. Nascido em Roma, no dia 5 de dezembro de 1949, iniciou os estudos de piano aos cinco anos e, desde cedo, era apresentado ao jazz por seu pai, um digno guitarrista. Adolescente, já era capaz de acompanhar alguns mestres do jazz que visitavam seu país, chegando a tocar com Chet Baker, Kenny Clarke, Art Farmer, Johnny Griffin, Jim Hall, Lee Konitz e, mais tarde, com Charlie Haden, Phil Woods, Enrico Rava, Chris Potter e Paul Motian. Na década de 1970, forma um de seus inúmeros combos, tocando por toda a Europa. Em 1984, forma seu mais duradouro trio, com os norte-americanos Marc Johnson e Joey Baron, gravando uma série de álbuns que chamam a atenção da crítica e recebendo em 1997 o Django d'Or, como o melhor músico de jazz europeu daquele ano. Influenciado tanto pela música clássica, quanto pela música italiana e pelo jazz, Enrico Pieranunzi tem atuado também como professor, lecionando no Conservatório de Música de Frosinone. Sobre ele, Nat Hentoff disse ser um pianista de intenso lirismo, com discurso claro e lógico, capaz de swingar com energia e frescor, sem nunca perder sua capacidade poética. "Sua música canta". Para quem apreciava Bill Evans, imperdível.
16 comentários:
Pôxa, Lester, eu pretendia postar alguma coisa do camarada. De repente, pode rolar outro disco do camarada.
Bom pianista.
mr.lester,
chesto signori scardua é buonna gente...dica piramidal...não conhecia esse álbum...com o 'caruso' tocando jazz...rsrsrs
já ouvi os duos com chet baker,jim hall...e os bacanudos em homenagem às películas de fellini(nino rota) e à música de ennio morriconi(com o mesmo trio)
obrigadão
e agora é esperar o jogo de amanhã(hj no brasil?)
abraçsons pacíficos
capa sinistra
Prezado JOHN LESTER:
Vale a pena interromper o banho (ou acompanhá-lo) para ouvir PIERANUNZI.
Se ele não aparece em muitas publicações, com certeza é mais que incensado em sua terra natal, desde muitos anos.
Conhecí a música dele por meio do CD "Italian Jazz Today", que acompanhou a revista italiana "Musica Jazz" de janeiro de 1996.
Pieranunzi executa de sua autoria "The Way It Goes" (6'36") em trio (Piero Leveratto / baixo e Mauro Beggio / bateria), gravada em 19 de setembro de 1995.
É um craque e, com certeza, bebeu na fonte de muitos mestres, BILL EVANS incluido. Como você tão bem resenhou, o cidadão tem formação clássica.
Parabéns, mais uma vez e essa também vai para os arquivos.
Pior que esse Enrico, só mesmo o apagão de energia acontecido ontem à noite em quase todo o Brasil. Até o momento sem qualquer explicação plausível por parte dos fornecedores de energia, dos "ténicos" do "desgoverno" de "nosso guia" Lula, dos "çabios" do PT, como também do "entendido" ministro de Minas e Energia Edson Lobão(que deve ser parente do Érico Cordeiro). Muita desculpa "furada" por parte dos envolvidos, cada um tirando o corpo fora (Furnas, Itaipu, Aanel, Distribuidoras e Governo) e, por certo, esta mazela vai acabar "estourando" outra vez na mão de São Pedro. Estou tão puto com todo este descalabro do Governo Lula, que me impediu de fazer muitas coisas ontem a noite, e quem acaba "pagando o pato" é o Pierenuzi. Detonei, desabafei e estamos conversados!
Mr. Lester,
Pieranunzi(essa deve ser a primeira vez que escrevo certo o nome dele) é sensacional,nada menos que isso.
Tenho um disco dele só de baladas com os mesmos Marc Johnson e Joey Baron que é pra ser ouvido de joelhos de tão lindo que é.
Um musico sofisticadissimo mas com a capacidade de transmitir emoções com sua musica como muito poucos dos musicos contemporaneos.Essa é a grande questão, na minha opinião, do jazz de hoje,como "tocar" os ouvintes . Ele com sua tecnica de altissimo nivel e seu toque refinadissimo consegue me emocionar ,as vezes quase as lagrimas.Mr.Lester veja só o Sr. do que esse cara é capaz. E isso sem eu ter bebido nada. É um verdadeiro Artista,assim com maiuscula.
Abraço
Ô Seu Mr. Predador, que mau-humor é esse? Só por causa de um mísero apagãozinho de quatro horas, que deixou às escuras metade do país? E isso lá é nada para um habitante do espaço sideral? Onde está o seu capacente de visão noturna laser Tabajara? Onde estão os seus óculos Ambervision? E o seu conjunto de facas Guinzu, para se defender dos malfeitores?
Pô quer dizer que o Lula cortou o seu barato? Era um encontro interplanetário com uma bela habitante de Saturno?
Ah, sim, não sou parente do Mr. Lobão e jamais participei da sua campanha para eleição ao cargo de Rei Momo da Somália - qualquer insinuação a esse respeito será uma grave aleivosia.
E Seu Tandeta, assino embaixo - o Pieranunzi é fantástico (é um Bill Evans italiano, numa comparação simplista). Vou estar anteciPando prá você o Special Encounter, com Charlie Haden (b) e Paul Motion (bt) - Discaço-aço-aço!!!
Ufa, enfim, Meu capitão, parabéns pela resenha - creio que em breve o nome do nosso pianista estará em um belíssimo guia de jazz, para orgulho do Meu Brasil Varonil e Apaguil!
Abração!!!!
O pianista romano Enrico Pieranunzzi foi uma deslumbrante descoberta constatada “em loco” na ensolarada Úmbria em 2008.Dois meses depois, estava em nosso território, na penúltima edição do Tim Festival.Um pianista que toca com alma e trafega tanto no repertorio clássico romântico como tb com raro desembaraço na seara da cepa do melhor jazz.Iniciei uma modesta discografia de oito títulos, até agora, que abrange uma homenagem ao seu maior ídolo , Bill Evans , a quem inclusive dedicou uma monografia publicada na Itália acompanhado de uma soberba seção de sopros.Outro título abrange passagens das trilhas sonoras dos filmes de Felini em forma de jazz com contrabaixista Charlie Haden e o baterista Paul Motian.Afora o extraordinário disco de baladas que no uso de um repertorio reconhecido e quase tradicionalista inibe qualquer presença de clichê.Resenha que enriquece a galeria de personagens do Jazzseen.Lamento que tenha riscar do meu cronograma de futuras resenhas esse personagem (rs,rs,rs).Melhores mãos trataram de emoldurá-lo agora.Todavia, Pieranunzzi tb é generosamente verbete numa das ultimas edições do Rough Guide.
Leia Pieranunzi(com um z só).
Creio que todo italiano legítimo merece dois 'z'. E concordo - coisa rara - em gênero, número e grau com Mr. Tandeta: o pianista não se afoga na imensa técnica, nem coloca o exibicionismo à frente do sentimento.
Obrigado a todos os amigos que, mesmo sob a fraca luz de velas, lêem o Jazzseen e compartilham suas impressões.
Grande abraço, JL.
Prezado EDÚ:
Seria mais que importante que prosseguisse com a resenha discográfica de Pieranunzi (com os 08 que já resenhou ou outros tantos), já que temos nesse cavalheiro das 88 teclas um senhor pianista.
Por favor, temos que descobrir mais dele.
Concordo com o Apostolo, gostaria de saber mais sobre o pianista.
Querido Apóstolo,
nosso blog - que se alegra sempre com sua honrosa e estimada presença - é uma obra em construção que se alimenta das melhores informações e fontes que possam ser prestadas por editores, colaboradores, visitantes e amigos.Agora que Pieranunzi veio a baila, certamente teremos novas oportunidades para "trocarmos figurinhas".
delicia...
Ô¬Ô
Mr. Lester
antes de mais nada, digo que é um prazer tomar contato com seu delicioso blog. Gostaria de deixar um singela contribuição a este tópico pieranunzico. Coloquei em meu blog um dos álbuns, entre dezenas de ótima qualidade do pianista, que mais aprecio. Enrico Pieranunzi Plays The Music of Wayne Shorter. Convido a vc e seus prestigiosos leitores a dar uma conferida neste trabalho do mestre peninsular das teclas.
http://hotbeatjazz.blogspot.com/search/label/Enrico%20Pieranunzi
Sem mais, dispeço-me e reitero o convite.
Seu mais novo leitor,
Mauro Perez
Ô¬Ô
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