Pois é, quando estamos prestes a desistir, encontramos forças em blogs insuspeitos, como o desenvolvido pelo jornalista Fernando L. Barros. Um monumental trabalho de pesquisa sobre um de nossos melhores saxofonistas: Casé. Leia o prefácio da coisa: "A pesquisa sobre o saxofonista Casé resulta de um trabalho independente, iniciado em 2004. Depois de quatro anos, cerca de setenta entrevistas, oito viagens e muitas visitas à famíla Godinho, a salões de baile, a discotecas e arquivos, recompôs-se a movimentada vida do músico. Mesmo antes de morrer Casé era citado como lenda. Façanhas atribuídas a ele ganhavam versões cada vez mais extravagantes. Para romper a folclorização crescente, a pesquisa apoiou-se em documentos e ouviu, além de familiares, músicos e admiradores que, de fato, conheceram o saxofonista. Inédito, o material traz informações sobre o apogeu e a decadência da música feita ao vivo, num tempo de pouca ou nenhuma tecnologia. Invariavelmente deixados em plano secundário, como simples acompanhantes escondidos atrás de estantes de partituras, os músicos aqui ocupam o lugar de protagonistas. Como eram na fase dos grandes bailes.
Foi num desses eventos que vi pela primeira vez Casé em ação. Movido por grande curiosidade pela música consegui, com 13 anos, entrar num baile destinado aos maiores de 14. Anunciado num clube de Catanduva (SP) pelo maestro da orquestra J. Rodrigues, o saxofonista solou o Harlem Nocturne. Por instantes - cena inédita para mim - o baile parou para ouvir aquele som redondo, perfeito. Evidenciava-se no palco o olhar reverencial dos colegas de Casé. Ao final da música, foram os primeiros a aplaudi-lo.
Sete anos depois, na mesma cidade, em Samba de Verão, um improviso arrebatador, de uma ousadia à época incomum, encheu os ouvidos dos casais que dançavam embalados por um inexpressivo conjunto da região. Lá estava ele, Casé, só de passagem, como era do seu estilo, mantido até dia em que sua morte foi destacada por todos os jornais de São Paulo, em dezembro de 1978." Não deixe de visitar.
5 comentários:
Vou conferir. Casé merece.
Prezado JOHN LESTER:
Já há alguns meses copiei toda a história e montei um "livro", para permanentes leitura e referências.
Obra muito bem feita, 32 mini-capítulos que nos recordam com muito sabor de época esse músico de exceção, arredio pessoalmente mas um cracaço no sax.alto.
Sua gravação com Dick Farney é antológica e, para mim, "de cabeceira".
Sempre é bom lembrar os GRANDES: grato pela resenha que convida todos ao universo de José Ferreira Godinho Filho (26/07/1932 a 01/12/1978).
Mr. Lester,
"Vou estar conferindo" o link.
Grande lembrança!
Bela postagem mr.Lester. Casé foi sem dúvida nenhuma um dos pioneiros do jazz no Brasil, "detonando seu sax-alto". Seu som assemelhava-se muito ao de Art Pepper, um dos músicos mais importtantes do estilo west coast. Suas gravações antológicas foram com outro mestre do jazz, Moacyr Peixoto. Vou já já visitar o "sitio" recomendado.
mr.lester,
valeô a dica e já salvei nos favoritos...
abraçsons pacíficos
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