Movido pela curiosidade, ao constatar que não havíamos recebido nenhuma visita nem do continente africano, nem da Austrália, eu resolvi xeretar na rede em busca de sinais de jazz nesses lugares ermos. Na Austrália, eu visitei o sítio www.jazz.org.au, que mantém um grande número de informações sobre grupos e locais onde acontecem gigs - o número é bem significativo. Li também uma matéria escrita por um músico local que falava da dificuldade de tocar no território australiano: a queixa é a mesma: os músicos quase pagam para tocar. O trabalho é muito bem coordenado por Peter Jordan (editor nacional do Jazz Australia). O camarada, pelo que me disse, promove shows com os nomes em voga do jazz (inclusive, Dewey Redman visitou a Australia sob os auspícios de mr Jordan - como ele não sabe nada de português, não entendeu que, se dependesse de mim e se Dewey ainda fosse vivo, este fixaria residência naquelas plagas - mas, creio eu, se soubesse, não haveria problemas - gosto é gosto, aqui e lá). Fiquei de enviar-lhe alguns discos da produção local (Brasil) e, em troca, ele me enviaria alguma coisa da terra dos cangurus e do demônio do Tasmânia.
Enquanto os discos não chegam, eu procurei e achei um disco no e-mule: Ondas, do pianista Mike Nock, que já tocou com um monte de estrelados do jazz (confiram na biografia). Percebe-se com facilidade a influência de mr Jarrett nas composições e no modo de tocar do rapaz. O tom predominantemente introspectivo das faixas (lembra aquelas coisas da ECM, e é!) fez-me pensar no isolamento - será que australiano é igual mineiro? - e suscita alguma melancolia. O trabalho, como um todo, é correto, com performances honestas do pessoal da cozinha (Eddie Gomez - baixo, e Jon Christensen - bateria), mas torna-se monótono pela similaridade da mandada e da estrutura dos temas em praticamente todo o disco. Deixarei a faixa Doors para os navegantes avaliarem.

A biografia do camarada está à disposição no All music e aqui reproduzimos:

5 comentários:
Excelente.
Grande Lester. A radiolinha ficou bem legal e mais prática. espero que não seja muito difícil postá-la.
Jazzseen cada dia melhor!
Deve ser piano modal: salvo engano, lembra Herbie Hancock dos velhos tempos de Maiden Voyage, com Tony Williams e tudo.
Gostei muito do trio!
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