Movido pela curiosidade, ao constatar que não havíamos recebido nenhuma visita nem do continente africano, nem da Austrália, eu resolvi xeretar na rede em busca de sinais de jazz nesses lugares ermos. Na Austrália, eu visitei o sítio www.jazz.org.au, que mantém um grande número de informações sobre grupos e locais onde acontecem gigs - o número é bem significativo. Li também uma matéria escrita por um músico local que falava da dificuldade de tocar no território australiano: a queixa é a mesma: os músicos quase pagam para tocar. O trabalho é muito bem coordenado por Peter Jordan (editor nacional do Jazz Australia). O camarada, pelo que me disse, promove shows com os nomes em voga do jazz (inclusive, Dewey Redman visitou a Australia sob os auspícios de mr Jordan - como ele não sabe nada de português, não entendeu que, se dependesse de mim e se Dewey ainda fosse vivo, este fixaria residência naquelas plagas - mas, creio eu, se soubesse, não haveria problemas - gosto é gosto, aqui e lá). Fiquei de enviar-lhe alguns discos da produção local (Brasil) e, em troca, ele me enviaria alguma coisa da terra dos cangurus e do demônio do Tasmânia. Enquanto os discos não chegam, eu procurei e achei um disco no e-mule: Ondas, do pianista Mike Nock, que já tocou com um monte de estrelados do jazz (confiram na biografia). Percebe-se com facilidade a influência de mr Jarrett nas composições e no modo de tocar do rapaz. O tom predominantemente introspectivo das faixas (lembra aquelas coisas da ECM, e é!) fez-me pensar no isolamento - será que australiano é igual mineiro? - e suscita alguma melancolia. O trabalho, como um todo, é correto, com performances honestas do pessoal da cozinha (Eddie Gomez - baixo, e Jon Christensen - bateria), mas torna-se monótono pela similaridade da mandada e da estrutura dos temas em praticamente todo o disco. Deixarei a faixa Doors para os navegantes avaliarem.
A biografia do camarada está à disposição no All music e aqui reproduzimos:
Mike Nock has long been one of the top modern jazz keyboardists to emerge from his part of the world. Nock began taking piano lessons from his father when he was 11. He began gigging four years later and at 18 moved to Australia. After heading a trio that toured England in 1961, Nock went to the U.S. to attend the Berklee College of Music. After a year he dropped out of school to be the house pianist at a Boston club and had opportunities to work with Coleman Hawkins, Pee Wee Russell, Phil Woods and Sam Rivers among many others. Nock gained some recognition during his period as a member of Yusej Lateef's band (1963-65). He led his own combos, gigged for a short period with the Jazz Messengers and eventually moved to San Francisco where he worked with John Handy. During 1968-70 Nock was involved with fusion, leading the Fourth Way, a pioneer in the idiom. After a few years he became a studio musician in New York (1975-85) and then returned to Australia where he has been busy as both an educator (teaching at the N.S.W. Conservatorium of Music) and as a musician, occasionally revisiting the U.S. As a leader, Nock recorded as early as 1960 (Move which was recorded in Australia) and has made records for Capitol (with the Fourth Way), MPS, Improvising Artists (in a band called Almanac), Laurie, Enja, Timeless, Tomato and ECM.
5 comentários:
Excelente.
Grande Lester. A radiolinha ficou bem legal e mais prática. espero que não seja muito difícil postá-la.
Jazzseen cada dia melhor!
Deve ser piano modal: salvo engano, lembra Herbie Hancock dos velhos tempos de Maiden Voyage, com Tony Williams e tudo.
Gostei muito do trio!
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