01/12/2007

Elas também tocam jazz - Marian McPartland

Para Richard Cook, em sua Jazz Encyclopedia, Penguin Books, 2005, Marian McPartland é a primeira dama do piano jazzístico. Ela nasceu em 1918 ou 1920 (dependendo do guia que você consulte), na cidade de Windsor, no coração da Inglaterra. Tendo começado ao violino, abandona os estudos de piano na Guildhall Scholl of Music para tocar em vaudevilles e, mais tarde, para as tropas norte-americanas que estavam na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Foi assim que, em 1944, tocando na Bélgica, conhece o trompetista Jimmy McPartland, com quem se casa em 1946, nos EUA. Pouco a pouco Marian conseguiu vencer a resistência do público norte-americano a uma mulher, branca e inglesa, tocando jazz, coisa até então raríssima no ambiente homoafetivo do jazz. Assim, em 1950, já estava tocando com seu trio no Embers Club e, em 1952, no Hickory House (aqui com o baterista Joe Morello), ambos em New York. Dotada de uma sonoridade clássica e polida, além de uma técnica apurada, Marian saiu-se bem num estilo que deve seus tributos tanto ao swing quanto ao bop, firmando-se como uma das melhores pianistas daquela escola denominada mainstream jazz. Apesar de tocar com diversos grandes músicos e criar sua própria gravadora, a Halcyon, Marian tornou-se nacionalmente conhecida em função do programa de rádio Piano Jazz, do qual era produtora e apresentadora. Foram muitos os seus convidados, entre eles os gênios Eubie Blake, Mary Lou Williams (foto abaixo), Oscar Peterson e Bill Evans. Muitos desses programas, cerca de 30, foram gravados e lançados em cd, através do selo Jazz Alliance. Nas décadas de 1950/60 Marian gravou bastante para a Savoy, Capitol, Argo e Bainbridge, ao mesmo tempo em que se dedicou ao ensino de piano para crianças.
Apesar de divorciados, Jimmy e Marian continuaram tocando juntos, chegando mesmo a participar do Newport Jazz Festival de 1978. Apesar de um breve retorno à música clássica na década de 1980, quando gravou o Concerto para Piano de Grieg, Marian nunca se afastou do jazz, seja através de shows, gravações ou programas de rádio. Por fim, vale destacar a competente compositora, com obras como In the days of our love, Twilight world, So many things, With you in my mind, entre outras. Até onde sei, Marian continua na ativa, com seus afinados 87 ou 89 anos. Para os amigos navegantes fica a faixa Strike Up The Band, gravada em 1952, com Max Wayne (b) e Mel Zeinick (d). A faixa foi retirada da excelente coletânea Timeless, da série Savoy Jazz Classics. Embora receba injustamente apenas três estrelas do All Music Guide, o cd apresenta ótimas performances da moça, todas gravadas para a Savoy na década de 1950, a maioria delas fora de catálogo. Boa audição!


Strike up the Band...

7 comentários:

Anônimo disse...

Tenho um cd duplo da menina, gravado, se nao me engano, na década de 80 com varios amigos, entre eles JJ Johnson. Muito bom.

Anônimo disse...

Jazz legend Marian McPartland continues to showcase the world's top musicians on NPR's longest-running and most widely carried jazz program, Marian McPartland's Piano Jazz. The long list of honors bestowed upon McPartland and the show include, a George Foster Peabody Award, the Gracie Allen Award given by American Women in Radio and Television, the National Music Council's American Eagle Award, and a Grammy Trustee's Award for lifetime achievement. After nearly 28 years as host of Piano Jazz, Marian will be inducted into the National Radio Hall of Fame in late 2007. She has received honorary degrees from Hamilton, Union, and Bates Colleges, Bowling Green University, and the University of South Carolina. Her books include The Artistry of Marian McPartland, a collection of transcriptions released by Columbia Pictures Publications, and Marian McPartland's Jazz World: All in Good Time, a collection of McPartland's jazz profiles published by the University of Illinois Press.

Barthey, LA.

Anônimo disse...

Boa a continuação da série "Elas também tocam jazz", piano gostoso, som muito agradável!

Anônimo disse...

Comentário acima é meu, enganei-me e coloquei "anônimo"

Anônimo disse...

Estou quase acreditando que o sr. Lester redimiu-se completamente. Suas 5 últimas resenhas, além de serem muito interessantes, apresentam um resumo da carreira dos músicos envolvidos e, o melhor de tudo, as abordagens são exclusivamente sobre jazz.

Anônimo disse...

oi...

Anônimo disse...

Lester, só a titulo de complementação informativa:Marian acolheu de volta seu ex-esposo alguns anos prévios de se tornar viúva.Possuí relevante papel, tanto como divulgadora nos seus bons programas de rádio q continua participando e produzindo, como "educadora" de jazz.Edú