04/04/2009

Puma

Na resenha anterior, quando Mr. Bravante mencionou o felino puma, lembrei imediatamente do guitarrista Joe Puma (1927-2000), figura bastante admirada pelos amantes do jazz West Coast, muito embora seja originário da costa leste. Injustamente, ele não é citado na The Virgin Encyclopedia of Jazz, edição de 2004, nem tampouco consta do The Rough Guide to Jazz, 3rd Edition, do mesmo ano. Mas os guias de maior gabarito falam desse guitarrista nascido numa família de músicos de New York e que aprende ainda criança seu ofício. Aos 22 anos inicia para valer a carreira ao lado do vibrafonista Joe Roland. Na década de 1950’ Puma é visto em todos os lugares, gravando inúmeras sessões com gente do naipe de Louie Bellson, Artie Shaw, Eddie Bert, Herbie Mann, Chris Connor, Paul Quinichette e, na década seguinte, Bobby Hackett, Gary Burton e Carmen McRae. Nos anos 1970’ forma um duo com o guitarrista Chuck Wayne, além de dedicar-se ao ensino, sacerdócio que não o impediu de manter-se ativo como músico até quase sua morte. Joe foi um guitarrista sensível, acentuadamente discreto e, embora inteligente e criativo, nunca obteve o destaque de público que poderia alcançar caso assim desejasse. Contudo, era respeitado pelos músicos e pela crítica, chegando a obter o prêmio de melhor guitarrista em 1957 pela revista Metronome. Em minhas orelhas fica a impressão de um Jimmy Raney em baixa rotação e tocando com oito dedos, mas nem por isso menos swingante e imaginativo. Para os amigos deixo uma faixa que diz muito sobre ele: Time Was , onde podemos comprovar que a máxima “menos é mais” tem sua razão de ser. Ela foi retirada da excelente coletânea The Jazz Guitar of Joe Puma, lançada pela Fresh Sound, onde foram reunidos os álbuns East Coast Jazz Series, Vol. 3 e Joe Puma Quintet (primeiras gravações como líder, realizadas em 1954, com Barry Galbraight (g), Don Elliot (vib), Vinnie Burke (b) e Ted Sommer (d) e lançadas pela Bethlehem), além de outras faixas gravadas em 1955, 1956 e 1957, em New York, com os músicos Dick Garcia (g), Eddie Costa (p, vib), Bill Evans (p), Dante Martucci, Oscar Pettiford (b), Al Levitt, Jimmy Campbell e Paul Motian (d). Enfim, o que Frederico Bravante tem de bagagem, Joe Puma tem de síntese.

16 comentários:

Augusto Carlos disse...

Espetacular guitarrista de jazz. Boa lembrança Lester.

Danilo Toli disse...

Obrigado por mais uma boa dica Mr. Lester!

Internauta Veia disse...

Muito bom começo de dia:Jazzseen e a deliciosa faixa com Joe Puma...

edú disse...

Prezado JL,
confira na cx q a de abril foi enviada em pct completo.Abraço

Salsa disse...

Boa, Lester - na veia. O cara merece.
Abraços,

PS - Tenho procurado discos do Hank Crawford, excelente baritonista que acompanhava Ray Charles. Você tem notícias para esse visitante?

Bruno Leao disse...

Excelente música. Nunca fui muito fa de guitarra, mas aos poucos começo a gostar.

edú disse...

Hank Crawford morreu esse ano no dia 27 de janeiro em decorrência de um AVC.Todavia ele era mais reconhecido como um músico mais próximo ao sax-alto apesar de ter gravado com o barítono no grupo de Ray Charles, do qual foi diretor musical.Uma perversa coincidência no mês de janeiro de 2009 marcou a morte de três membros daquela seção de sopros q acompanhava Ray .Hank Crawford,David Fathead Newman(registrada no Jazzseen) e Leroy “Hog”Cooper morreram praticamente consecutivamente no espaço dos 31 dias de janeiro.Crawford foi ídolo maior do tb saxofonista David Sanborn.Na Amazon esta repleto de discos dele.

Marília Deleuz disse...

Essa secao de sopros mais parece a Academia Brasileira de Letras, afff!

Salsa disse...

Eu achei alguns discos do Crawford - chatinhos. Eu ouvi uma faixa no boteco de um amigo na qual ele(se for ele - era uma cópia sem identificação) destroça o barítono. Fiquei curioso.

John Lester disse...

Prezado Salsa, apesar de duplo, o único álbum que possuo de Crawford é Memphis, Ray and a Touch of Moody, lançado pela 32Jazz (32054). Trata-se da reunião de 4 lp's da Atlantic (More Soul, de 1960 - From the Heart, de 1961 - Soul of the Ballad, de 1963 e Dig These Blues, de 1965). Ele está tocando sax alto e, em algumas poucas faixas, se arrisca ao piano, seu instrumento inicial. São 148 minutos de uma música que, triste dizer, não convence, apesar da presença de pessoas como Marcus Belgrave (t), Sonny Forrest (g), Howard Johnson (bs), David Fathead Newman (ts) e Marty Paich (arr). Não recomendo esta coletânea. Quanto ao barítono, seu segundo instrumento, ele de fato o tocou, mas não saberia indicar-lhe com precisão o álbum que você procura.

Grande abraço, JL.

Salsa disse...

Valeu o esforço, Lester. Creio que, no disco que eu ouvi, Crawford estava como sideman. Os outros que eu ouvi são mesmo muito fracos.

thiago disse...

sax barítono é sinistro

Anônimo disse...

Claro que vou ouvir esse cara. Joe Puma.

Jimmy Green

Predador disse...

Enfim um pouco de jazz nessa joça!!!

Anônimo disse...

Nem parece guitarra... e vicia.Amei.O jazz tem " cadas coisa"....

Sergio disse...

Essa dica de paradise musical te valeu outra dica - pq foi o q me lembrou -, mr. Lester. Paraiso versus Paraiso é igual a aconchego da alma:

http://www.pdterra.com.br/